Bolsonaro apela ao Supremo e cita 'repercussões catastróficas' para o agronegócio se a corte não aceitar a tese do temporal
Presidente afirmou que se demarcações de terras indígenas não considerarem a data de promulgação da Consitituiçao de 1988 setor econômico sera prejudicado
Dimitrius Dantas
15/09/2021 - 15:24
/ Atualizado em 15/09/2021 - 17:13
BRASÍLIA — Em meio à retomada pelo Supremo Tribunal Federal do julgamento do marco temporal, o presidente Jair Bolsonaro pediu que a Corte acolha a tese de que as demarcações de terras indígenas levem em consideração a data de promulgação da Constituição. Com isso, só seriam beneficiadas as etnias que estivessem nessas áreas em disputa antes de 1988.
Em solenidade no Palácio do Planalto em que anunciou mudanças no programa Casa Verde e Amarela, Bolsonaro disse que, se isso não acontecer, haverá um desabastecimento mundial por causa de novas demarcações de terras indígenas.
— Caso o Supremo assim entenda, será um duro golpe no nosso agronegócio com repercussões internas quase catastróficas mas também lá para fora — disse Bolsonaro.
O presidente afirmou que não apenas o Brasil está passando por uma crise inflacionária, mas diversos países ao redor do mundo. Citando o Ministério da Agricultura, Bolsonaro afirmou que caso o Supremo mude a regra do marco temporal, o governo poderia se ver obrigado a demarcar 14% do território nacional.
— Isso equivale a uma Alemanha e uma Espanha juntas. Podemos ter no mundo desabastecimento — afirmou.
Bolsonaro repetiu também o seu discurso de que a maioria dos indígenas quer utilizar as reservas de terra para produção e extrativismo. Segundo ele, "queremos que nossos irmãos indígenas passem cada vez mais a serem pessoas exatamente iguais a nós".
Tema caro a Bolsonaro desde o período em que era deputado federal e criticava a reserva ianomâmi, a demarcação de terras indígenas é vista pelo presidente como uma ameaça à soberania do país. Em seu discurso nesta quarta-feira, Bolsonaro destacou que a possibilidade de que mais terras sejam reservadas aos indígenas transformaria o país numa "colcha de retalhos".
— Queremos um país único de 8 mil quilômetros quadrados. E não uma colcha de retalhos como alguns querem fazer do nosso país — disse.