Bolsonaro apela ao Supremo e cita 'repercussões catastróficas' para o agronegócio se a corte não aceitar a tese do temporal
Presidente afirmou que se demarcações de terras indígenas não considerarem a data de promulgação da Consitituiçao de 1988 setor econômico sera prejudicado
Dimitrius Dantas
15/09/2021 - 15:24
/ Atualizado em 15/09/2021 - 17:13
O presidente Jair Bolsonaro 02/09/2021 Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
BRASÍLIA — Em meio à retomada pelo Supremo Tribunal Federal do julgamento do marco temporal, o presidente Jair Bolsonaro pediu que a Corte acolha a tese de que as demarcações de terras indígenas levem em consideração a data de promulgação da Constituição. Com isso, só seriam beneficiadas as etnias que estivessem nessas áreas em disputa antes de 1988.
Em solenidade no Palácio do Planalto em que anunciou mudanças no programa Casa Verde e Amarela, Bolsonaro disse que, se isso não acontecer, haverá um desabastecimento mundial por causa de novas demarcações de terras indígenas.
Pessoas queimam boneco representando o presidente Jair Bolsonaro durante a segunda marcha das mulheres indígenas em Brasília Foto: Adriano Machado / Reuters - 10/09/2021
Bandeira brasileira é retratada durante a segunda marcha de mulheres indígenas em protesto contra o presidente do Brasil Jair Bolsonaro em Brasília Foto: Adriano Machado / Reuters - 10/09/2021
Uma mulher indígena brasileira participa da segunda marcha de mulheres indígenas em protesto contra o presidente do Brasil Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado / Reuters - 10/09/2021
Segunda marcha de mulheres indígenas em protesto contra o presidente do Brasil Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado / Reuters - 10/09/2021
Mulheres indígenas protestam durante uma manifestação contra o marco temporal , tese defendida pelo governo Bolsonaro Foto: Carl de Souza / AFP - 10/09/2021
Mulheres indígenas protestam contra a tese do marco temporal, matéria que tramita no STF, e ameaça direito à terra dos povos originário Foto: Carl de Souza / AFP - 10/09/2021
Mulher indígena é vista durante manifestação pela demarcação de terras indígenas em Brasília Foto: Carl de Souza / AFP - 08/09/2021
Mulheres indígenas da tribo Pataxó marcham pela demarcação de terras indígenas em Brasília Foto: Carl de Souza / AFP - 08/09/2021
O presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Luiz Fux, é visto em uma tela durante um discurso antes de uma sessão, em um acampamento indígena em Brasília Foto: Adriano Machado / Reuters - 08/09/2021
Elise Guarani, da tribo Guarani, observa o acampamento da marcha das mulheres enquanto elas aguardam o julgamento do Supremo Tribunal Federal em um caso histórico sobre direitos à terra indígena. Grupos indígenas ocupam a cidade desde o final de agosto Foto: Adriano Machado / Reuters - 08/09/2021
Indígenas protestam em frente ao julgamento do Supremo Tribunal Federal contra o marco temporal Foto: Adriano Machado / Reuters - 01/09/2021
Indígena protesta em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília Foto: Evaristo Sá / AFP - 01/09/2021
Grupos indígenas realizaram ato contra o "Marco Temporal", cujo julgamento aconteceria na quinta (26), no STF Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo - 27/08/2021
Indígenas protestam diante de uma barreira instalada em frente ao Palácio do Planalto monitorados por policiais Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo - 27/08/2021
Mobilização dos povos indígenas contra a tese do marco temporal, em frente ao Planalto Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo - 27/08/2021
Indígenas protesta em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília Foto: Amanda Perobelli / Reuters - 26/08/2021
Indígenas protesta em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília Foto: Amanda Perobelli / Reuters - 26/08/2021
— Caso o Supremo assim entenda, será um duro golpe no nosso agronegócio com repercussões internas quase catastróficas mas também lá para fora — disse Bolsonaro.
O presidente afirmou que não apenas o Brasil está passando por uma crise inflacionária, mas diversos países ao redor do mundo. Citando o Ministério da Agricultura, Bolsonaro afirmou que caso o Supremo mude a regra do marco temporal, o governo poderia se ver obrigado a demarcar 14% do território nacional.
— Isso equivale a uma Alemanha e uma Espanha juntas. Podemos ter no mundo desabastecimento — afirmou.
Bolsonaro repetiu também o seu discurso de que a maioria dos indígenas quer utilizar as reservas de terra para produção e extrativismo. Segundo ele, "queremos que nossos irmãos indígenas passem cada vez mais a serem pessoas exatamente iguais a nós".
Tema caro a Bolsonaro desde o período em que era deputado federal e criticava a reserva ianomâmi, a demarcação de terras indígenas é vista pelo presidente como uma ameaça à soberania do país. Em seu discurso nesta quarta-feira, Bolsonaro destacou que a possibilidade de que mais terras sejam reservadas aos indígenas transformaria o país numa "colcha de retalhos".
— Queremos um país único de 8 mil quilômetros quadrados. E não uma colcha de retalhos como alguns querem fazer do nosso país — disse.