Exclusivo para Assinantes
Política

Ciro adere a atos do MBL contra Bolsonaro, mas outros setores da esquerda resistem a uma manifestação conjunta

Participação de partidos na manifestação do MBL foi discutida em uma reunião anteontem entre dirigentes de pelo menos nove partidos
Manifestantes protestam na Av. Paulista contra o Presidente da República Jair Bolsonaro Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo
Manifestantes protestam na Av. Paulista contra o Presidente da República Jair Bolsonaro Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo

SÃO PAULO — O plano de transformar a manifestação pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro convocada pelo MBL para o próximo domingo em um ato mais amplo, com presença de simpatizantes de diversas correntes políticas, enfrenta obstáculos. O PT e o PSOL descartam aderir ao protesto que será realizado na Avenida Paulista e pretende servir como resposta às falas de Bolsonaro no 7 de Setembro. Por outro lado, as demais siglas de esquerda, PDT, PSB e PCdoB, anunciaram participação, apesar das divergências com o MBL.

O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou ontem que irá à manifestação em São Paulo. “Sempre tentarei ir a outras manifestações que forem convocadas contra Bolsonaro”, escreveu o pedetista no Twitter.

Leia mais: Após atos golpistas, Bolsonaro agora diz em nota que ataques ao STF 'decorreram do calor do momento'

Durante um evento da pré-campanha presidencial de 2018 em Porto Alegre, Ciro se envolveu em uma briga com o youtuber e hoje deputado estadual Arthur do Val (SP), conhecido como Mamãe Falei e integrante do MBL. Na ocasião, do Val pediu para filmar uma entrevista e perguntou sobre o plano de Ciro de levar o ex-presidente Lula para uma embaixada caso fosse decretada sua prisão pela Lava-Jato. O youtuber afirmou, na época, que levou um tapa leve. Já Ciro afirmou que apenas encostou na nuca do militante.

A participação de partidos na manifestação do MBL foi discutida em uma reunião anteontem entre dirigentes de PT, PT, PDT, PSB, PCdoB, PV, Solidariedade, Cidadania, Rede e PSOL. O presidente do Cidadania, Roberto Freire, tentou convencer as demais siglas a aderiram ao ato. O movimento vem convocando o protesto há mais de um mês com a bandeira “nem Lula nem Bolsonaro”.

Outra cor: branca

Após os atos de apoio a Bolsonaro no dia 7 de setembro, o MBL decidiu mudar a pauta da manifestação com objetivo de ampliar o alcance. O lema agora é “Fora, Bolsonaro!”. Também foi anunciado que a cor oficial da manifestação será o branco. Presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSOL, Juliano Medeiros, descartaram a adesão formal, apesar de não barrarem presença espontânea de filiados.

O entendimento de petistas e psolistas é que para ter amplitude a manifestação precisa ser organizada conjuntamente desde o princípio. Há receio de dirigentes dos partidos de esquerda de serem vaiados ao participarem de um ato organizado pelo movimento que se consolidou na mobilização pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que faz críticas frequentes a Lula.

Veja também: 'A falta de compostura nos envergonha perante o mundo', diz Barroso em resposta a ataques de Bolsonaro

Ontem, o ex-presidente virou assunto nas redes sociais por falar, em entrevista ao podcast do rapper Mano Brown, que recebe atualmente um salário de R$ 27 mil pago pelo PT. De acordo com Lula, o montante é parte das contribuições de filiados e deputados, bem como do fundo partidário.

Na reunião dos partidos, foi discutida a convocação de um grande ato em alguma data nacional, como resposta à apropriação do Dia de Independência por Bolsonaro. Foram sugeridos o 3 de outubro, o domingo anterior ao 5 de outubro, data promulgação da Constituição de 1988, e o 15 de novembro, Dia da Proclamação da República. A ideia é tentar atrair, além dos partidos que estiveram no encontro, legendas como PSD, DEM, PSDB e MDB. Essas siglas vivem divisões internas sobre apoiar ou não o impeachment.

No PSDB e no DEM, há resistência de deputados beneficiados por emendas do governo federal. O PSDB de São Paulo, porém, aprovou a participação na manifestação. No estado, a sigla é comandada pelo grupo do governador João Doria.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deve comparecer ao ato em Porto Alegre, “como cidadão”, informou sua assessoria de imprensa. Segundo o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, os filiados estão liberados para participar.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que tem se colocado como pré-candidato a presidente pelo DEM, também anunciou que vai ao ato do MBL.

(Colaborou Bianca Gomes)