Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Ronaldo Lemos

Estamos prontos para o metaverso?

Você está preparado para viver em um universo virtual? Zuckerberg acha que sim

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Você está preparado para viver em um universo virtual? Mark Zuckerberg acha que sim.

Em longa entrevista recente, ele afirma que o futuro do Facebook é a construção de um metaverso. A palavra vem da ficção científica para se referir a um universo digital, construído acima e em paralelo à realidade em que vivemos.

Você coloca um par de óculos, uma lente de contato, um fone de ouvido, um implante ou outros aparelhos que virão por aí e... pimba! Está vivendo no virtual, com regras totalmente distintas.

É preciso prestar atenção nas palavras dele, porque a visão é ainda mais ambiciosa. Zuckerberg afirma que “o metaverso abrange muitas empresas, na verdade toda a indústria de tecnologia. Pode-se pensar nele como o sucessor da internet móvel”. A internet móvel já mudou totalmente a vida no planeta. A promessa é que o metaverso mude tudo ainda mais.

Em entrevista recente, Mark Zuckerberg, afirmou que o futuro do Facebook é a construção de um universo digital
Em entrevista recente, Mark Zuckerberg, afirmou que o futuro do Facebook é a construção de um universo digital - Mandel Ngan - 23.out.2019/AFP

Vale notar que hoje o Facebook não é a empresa que lidera a construção de um metaverso. Quem está mais próximo disso é o Roblox, empresa criadora do game de mesmo nome. Se você não conhece, pergunte a crianças entre 4 e 16 anos que elas explicam. Afinal, já são dezenas de milhões delas, inclusive no Brasil, entrando todos os dias nesse metaverso para jogar e interagir com outros usuários. A empresa fez uma das maiores ofertas públicas de ações deste ano e foi tema aqui da coluna, inclusive para contar sobre sua conexão muito direta com o Brasil.

Apesar de não estar na liderança, o Facebook não está parado. A empresa lidera em um outro item dos metaversos, que são os óculos que facilitarão acessá-los. Os óculos Quest 2 são o produto mais recente da divisão especializada. O comunicado de Zuckerberg é justamente para sinalizar que o “metaverso” não será mais tema só de uma divisão do Facebook, mas tomará conta de toda a empresa.

Essa mudança trará também um metaverso de problemas. Se nas redes sociais a questão da “moderação de conteúdo” já é problemática, como será feita no caso dos metaversos em que tudo acontece em tempo real? Qual será a moeda do metaverso e como ela irá interagir com a moeda real? Como será a questão do trabalho no âmbito do metaverso? Certamente muita gente vai trabalhar dentro dos metaversos.

Poderão os metaversos se tornar laboratórios políticos? Por exemplo, criando espaços para experimentar novas formas de participação democrática, que, quem sabe, poderão influenciar o mundo real? Ou ainda, será tolerável experimentar com modelos de autocracia e autoritarismo dentro dos metaversos? Ou a governança dos metaversos será um pano de fundo previamente decidido?

Em suma, se o metaverso se tornar mesmo o futuro da internet, isso levará a um impacto social, econômico, legal, científico, normativo, valorativo e de transformação coletiva.

Os metaversos poderão se transformar em novos espaços de coordenação da ação humana. Seja em laboratórios seguros de experimentação institucional. Seja em distopias medonhas. Ou podem também dar em nada.


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Já era
Fadiga de aglomeração

Já é
Fadiga de Zoom

Já vem
Fadiga de metaverso

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