MOGADÍSCIO — A Somália realizou nesta quarta-feira a primeira sessão de cinema após 30 anos. O evento ocorreu no Teatro Nacional, na capital Mogadíscio, e exibiu dois curtas-metragens do diretor somali IBrahim CM. O local foi fechado em 1991, quando teve início a guerra civil no país. Ao longo dos anos, o teatro já foi alvo de homens-bomba e usado como base para comandantes militares.
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— Esta será uma noite histórica para o povo somali: mostra como as esperanças foram reavivadas depois de tantos anos de desafios. Esta é uma plataforma que oferece uma oportunidade para compositores, contadores de histórias, diretores de cinema e atores somalis apresentarem seus talentos abertamente — disse em entrevista à AFP o diretor de teatro Abdikadir Abdi Yusuf, antes da exibição.
Alvo de bombardeios
O grupo que participou da sessão precisou pagar um ingresso de US$ 10, uma quantia ainda inviável para muitos cidadãos. Eles tiveram que passar por vários pontos de controle até chegar ao espaço localizado na "zona verde", fortemente protegida, onde também ficam o palácio presidencial e o parlamento.
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— Eu costumava assistir a concertos, peças, shows pop, danças folclóricas e filmes no Teatro Nacional durante os bons velhos tempos. Fico mal quando vejo Mogadíscio sem a vida noturna de antes. Mas é um bom começo — ressaltou um dos participantes, Osman Yusuf Osman.
No passado, Mogadíscio teve muitas salas de cinema e o Teatro Nacional — construído por engenheiros chineses como um presente de Mao Zedong em 1967 — era o local onde a população se reunia para prestigiar concertos e peças de teatro.
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O prédio ficou em ruínas, mas chegou a ser reaberto em 2012 com recursos da Missão da União Africana na Somália (Amisom). Duas semanas depois, foi alvo de um ataque com bombas promovido pelo grupo terrorista Al Shabaab, composto por fundamentalistas islâmicos ligados à Al Qaeda que repudiam o entretenimento e defendem que filmes "corrompem a moral" do povo.