VÍDEO: Câmera flagra falsa enfermeira levando imunizantes contra a Covid
O inquérito da Polícia Federal que investiga empresários, políticos e familiares que tentaram furar a fila da vacinação contra a Covid-19, em Belo Horizonte, concluiu que os envolvidos caíram em um golpe. A informação foi confirmada, com exclusividade, à reportagem da CBN, por investigadores que estão à frente do caso.
Segundo as apurações, o material aplicado não era vacina. É difícil, de acordo com a corporação, precisar qual substância foi usada no lugar do imunizante, mas as provas colhidas indicam que o que foi vendido, provavelmente, era soro fisiológico.
Investigação aponta que grupo "vacinado" clandestinamente em garagem caiu em um golpe
O caso completa 6 meses nesta quinta-feira (23). A Polícia Federal está na fase final do inquérito e afirmou que deve entregar os resultados em breve. Após tantos meses do início das apurações, quem tentou comprar as falsas vacinas no esquema, agora, já se vacinou pelo SUS, dessa vez com imunizantes verdadeiros.
A vacinação clandestina, registrada no dia 23 de março, foi organizada por empresários do setor de transportes, em uma garagem de ônibus na capital mineira. Cada dose do suposto imunizante foi comprada por R$ 600. À época, apenas profissionais da saúde e parte do grupo de idosos estavam sendo vacinados.
Enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas — Foto: Reprodução/TV Globo
Relembre algumas reportagens sobre o caso:
- PF e MPF investigam se empresários do transporte foram vacinados ilegalmente contra Covid em MG
- Falsa enfermeira teria começado a vacinar no início de março, diz PF que investiga imunização de empresários em Belo Horizonte
- Vídeo mostra falsa enfermeira que teria vacinado empresários de BH falando sobre dose: 'É R$ 600'
- Falsa enfermeira pode ter aplicado vacinas contra outras doenças em BH, diz Polícia Federal
- PF suspeita que responsáveis por vacinação clandestina em MG pretendiam começar a fazer grandes vendas
- Mulher investigada por imunizar empresários em BH trabalhou como enfermeira em clínica de vacinação no Rio de Janeiro, diz PF
Os empresários compraram essas falsas vacinas de uma mulher que se passava por enfermeira: Cláudia Torres. Ela, um filho e um genro criaram um esquema para a venda do produto. Eles já foram indiciados pela PF por formação de organização criminosa e por falsificar produtos medicinais. Mas nenhum deles está preso no momento. Procurado pela CBN, o advogado da família não se pronunciou sobre o caso.
Falsa enfermeira em BH — Foto: Reprodução/Fantástico
Nos últimos meses, os investigadores colheram depoimento de centenas de pessoas. Além disso, foram feitos exames de anticorpos, para tentar diagnosticar se os compradores tomaram vacina ou outra substância.
A PF também conseguiu a quebra do sigilo bancário da família de Cláudia Torres e faz um rastreamento das transações financeiras e pessoas que teriam comprado essa vacina falsa. Os investigadores acreditam que mais de mil pessoas possam ter caído no golpe.
Segundo fontes da PF, Cláudia Torres e a família, que organizaram o esquema, devem responder por estelionato e associação criminosa. Cláudia ainda deve responder por falsificação de documentos, por ter se passado por enfermeira
Os empresários Rômulo e Robson Lessa, suspeitos de organizar a vacinação, não devem ser indiciados por nenhum crime.
Porém, os demais compradores da falsa vacina, que tentaram furar a fila da imunização, podem sair impunes do caso. Como os suspeitos caíram em um golpe e não compraram vacinas, a princípio não há tipificação criminal que possa enquadrar os investigados, tanto que grande parte deles prestou esclarecimentos aos investigadores na condição de testemunha.
Como o material não era vacina, o caso saiu da esfera Federal e, agora, vai ser julgado na Justiça Estadual de Minas Gerais.