BERLIM — As eleições gerais na Alemanha, que segundo projeções foram vencidas pelo Partido Social-Democrata (SPD) mas cujo desfecho segue em aberto, marcaram o melhor resultado do partido Os Verdes, segundo as projeções, colocando a legenda ambientalista como terceira força no Parlamento. Com isso, a sigla deve ser decisiva nas negociações para um novo governo.
Pelas projeções, os verdes receberam 14,6% dos votos, ficando à frente dos liberais do Partido Democrático Liberal (FDP) e da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita. Apesar de marcar um avanço em relação a eleições passadas e confirmar o papel do meio ambiente na discussão política na Alemanha, o resultado ficou aquém do esperado.
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Durante boa parte da campanha, o partido rivalizou com a União Democrata Cristã (CDU), de Angela Merkel, e chegou a liderar as pesquisas no primeiro semestre do ano, levantando a possibilidade de a líder dos Verdes, Annalena Baerbock, se tornar a nova chanceler. Mas uma série de erros cometidos ao longo dos últimos meses, especialmente por Baerbock e seus assessores, acabou com as esperanças de comandar uma coalizão, e os Verdes passaram a reconhecer que seriam coadjuvantes nos próximos anos.
— Queríamos mais. Não conseguimos isso em parte por causa dos erros cometidos no começo da campanha, erros que eu cometi — afirmou Baerbock, depois do fechamento das urnas.
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Mesmo assim, a líder dos Verdes, que rejeitou renunciar ao posto de liderança do partido por causa dos erros mencionados por ela no discurso, vê o resultado como positivo, e aponta para vitórias pontuais, como em Berlim, e para a posição confortável entre os eleitores mais jovens.
— Fomos eleitos por muitas pessoas jovens neste país. Entre eles, nós somos a força líder — declarou Baerbock.
Há ainda outro ponto crucial no resultado dos Verdes neste domingo: de acordo com analistas, o partido será crucial para a formação de um novo Gabinete. A hipótese mais provável é a conhecida como “semáforo”, com o governo encabeçado pela SPD, com os Verdes e o FDP como partidos aliados, na primeira coalizão composta por três partidos desde os anos 1950.
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Apesar das diferenças, o FDP já se disse disposto a governar a Alemanha ao lado dos Verdes, seja ao lado do SPD, seja ao lado da CDU, em uma coalizão apelidada de Jamaica, mas vista como menos provável.
— O que une os Verdes e o FDP é que os dois conduziram campanhas independentes, os dois se opuseram, de perspectivas diferentes, ao status quo da atual coalizão [entre SPD e CDU] — declarou o líder do FDP, Christian Lindner. — Por isso não pode mais haver um “mais do mesmo” na Alemanha. Agora é hora de um novo começo.
Outro destaque da eleição deste domingo foi o desempenho da AfD . Quatro anos depois de surpreender o meio político alemão e se consolidar como terceira força no Parlamento, a sigla perdeu gás, e agora terá a quinta maior bancada da Casa, com projetados 11,5% dos votos, com os melhores números na Turíngia e Saxônia, onde ficou à frente do SPD. O resultado se deve em boa parte a disputas internas, que dividiram a sigla e afastaram eleitores conservadores mais moderados.
Além disso, algumas de suas bandeiras principais,como a imigração, perderam espaço para temas como o meio ambiente e a pandemia do novo coronavírus, quando posturas negacionistas do partido foram criticadas pela população.