Rio

Resistente a altas temperaturas, meteorito Bendegó do Museu Nacional fica intacto após incêndio

Direção da instituição ainda não sabe precisar o quanto do acervo foi perdido
Bendegó, o maior meteorito já encontrado em solo nacional, resistiu às chamas Foto: Marcio Alves / Agência O Globo
Bendegó, o maior meteorito já encontrado em solo nacional, resistiu às chamas Foto: Marcio Alves / Agência O Globo

RIO - Os três andares do Museu Nacional — fundado em 1818 por D. João VI e desde 1946 vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — abrigavam um acervo de 20 milhões de itens, incluindo documentos do Império, artefatos greco-romanos, fósseis e a maior coleção egípcia da América Latina. A direção do museu ainda não sabe precisar o quanto foi perdido no incêndio de grandes proporções da noite deste domingo . Segundo funcionários, dois meteoritos resistiram às chamas, entre eles, o Bendegó, o maior já encontrado em solo brasileiro.

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Museu Nacional recebeu apenas dois terços do orçamento previsto anualmente

Meteoritos são fragmentos de corpos extraterrestres, como, por exemplo, de asteróides ou cometas, que sobrevivem a entrada da atmosfera terrestre e às altas temperaturas, conseguindo atingir o solo. A instituição detém a maior coleção de meteoritos do país, com 62 peças.

O Bendegó foi citado pelo diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, como um símbolo de resistência no qual os funcionários do museu e a população brasileira deve se inspirar.

- Quando vocês tiverem a oportunidade, tirem foto deste meteorito. Ele está ali, é o Bendegó. Da forma como ele resistiu, nós também vamos resistir. Mas temos que repensar como o Brasil olha para a sua história.

O estudante de museologia Gustavo Lourenço estima que, além dos meteoritos, só objetos de metal ou os armazenados em um cofre têm chances de terem sobrevivido.

CLIMA DE TRISTEZA

Na manhã desta segunda, o clima de tristeza envolvia os funcionários do Museu Nacional que chegavam ao local.

- É uma perda incalculável. Trabalhava aqui há sete meses e via a condição do museu, sofremos muito com os cortes de verba.

Cristiano era um dos responsáveis por fazer uma ronda de climatização das peças do museu, garantindo condições de umidade e temperatura que preserve o acervo. Para ele, pouco deve ter restado.

- Tudo que era pedra e metal tem chance de ter resistido. Havia umas peças em um local de armazenamento que, se fechado, pode ter resistido. As peças mais raras, que ficavam guardadas em um cofre, talvez tenham se salvado.

EMOCIONADA, VICE-DIRETORA SE ATIRA AO CHÃO

Muito emocionada, a vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Cerezo, atirou-se ao chão quando chegou ao local na noite de domingo. Ela afirmou que havia muitos produtos inflamáveis no interior do prédio.

— Tínhamos um plano para retirar essas substâncias do museu, mas infelizmente esta tragédia aconteceu antes — disse. — Estávamos trabalhando com a atualização da prevenção de incêndio, realizando treinamentos, é muito triste.

Além dos meteoritos, entre os itens mais conhecidos do Museu Nacional, estavam o esqueleto de dinossauro encontrado em Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano descoberto no atual território brasileiro, batizado "Luzia". Trata-se da instituição científica e do museu mais antigos do Brasil, tendo em maio deste ano completado 200 anos. A visitação média mensal é de 5 a 10 mil pessoas.

— São 200 anos do museu, isso aqui é o trabalho da vida de muita gente, são coleções zoológicas, botânicas, tudo perdido, tudo perdido! — lamentou Lilian, bióloga e pesquisadora do museu.

O fogo teve início por volta das 19h deste domingo. As partes laterais e a de trás do museu foram as que mais demoraram a ter as chamas contidas. Houve alguns desabamentos internos. A assessoria do museu disse que ainda não está claro o que deu início ao incêndio.

O Corpo de Bombeiros também não trabalha ainda com nenhuma hipótese sobre as causas. Somente após os primeiros resultados da perícia é que isso poderá ser respondido.

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Funcionários choraram diante das chamas, e pesquisadores denunciaram abandono do Museu Nacional

200 anos de história
1818
1863
1889
1892
1927
É criada a Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional
É criada a Biblioteca Central
O museu é transferido do Campo de Sant'Anna para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boavista
No dia 6 de junho, dom João VI cria por decreto o Museu Real
O Paço de São Cristóvão abriga a Primeira Assembleia Constituinte da República
1937
1946
2018
A Fundação da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional (atual Associação dos Amigos do Museu Nacional) é criada
O museu é incorporado à Universidade do Brasil (atual UFRJ)
Museu Nacional completa 200 anos
20 milhões
6.500.000
11.417 m2
LOCAL DO INCÊNDIO
Peças no acervo
Área construída do palácio
Exemplares nas coleções zoológicas
Museu Nacional
Rio Zoo
Jardim
Zoológico
21 mil m2
26.160
537 mil
Área do terreno do palácio
Fósseis nas coleções paleontológicas
Títulos na biblioteca
QUINTA DA
BOA VISTA
1481
130 mil
3.500 m2
Ano da obra mais antiga da biblioteca central
Área de exposição atual
Itens nas coleções antropológicas
maracanã
15.672
550 mil
150 mil
N
Amostras nas coleções geológicas
Exemplares de plantas dissecadas do herbário
Visitantes por ano
TESOUROS EM UM
PRÉDIO IMPERIAL
Paleontologia
Arqueologia Pré-colombiana
Arqueologia brasileira
*O 3º pavimento abriga
o setor administrativo
Móveis da monarquia
Etnologia
2º PAVIMENTO
Culturas do Mediterrâneo
Evolução do Homem
Preguiça gigante (Megafauna)
Aves do Museu Nacional
Os Karajás
Egito Antigo
Oratório e Sala da Imperatriz
Luzia, caçadores e coletores
Kumbukumbu - África, memória e patrimônio
Horticultores ceramistas
Culturas do Pacífico
Sala dos Diplomatas
1º PAVIMENTO
A (R)evolução da plantas
Auditório
Roquette
Pinto
Meteorítica
Um Tiranossauro no Museu
200 anos de história
1818
1863
É criada a Biblioteca Central
No dia 6 de junho, dom João VI cria por decreto o Museu Real
1889
1892
O museu é transferido do Campo de Sant'Anna para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boavista
O Paço de São Cristóvão abriga a Primeira Assembleia Constituinte da República
1927
1937
É criada a Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional
A Fundação da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional (atual Associação dos Amigos do Museu Nacional) é criada
1946
2018
O museu é incorporado à Universidade do Brasil (atual UFRJ)
Museu Nacional completa 200 anos
LOCAL DO INCÊNDIO
Museu Nacional
Rio Zoo
Jardim
Zoológico
QUINTA DA
BOA VISTA
maracanã
N
20 milhões
6.500.000
Peças no acervo
Exemplares nas coleções zoológicas
21 mil m2
26.160
Área do terreno do palácio
Fósseis nas coleções paleontológicas
1481
130 mil
Ano da obra mais antiga da biblioteca central
Itens nas coleções antropológicas
15.672
150 mil
Amostras nas coleções geológicas
Visitantes por ano
11.417 m2
3.500 m2
Área construída do palácio
Área de exposição atual
550 mil
537 mil
Exemplares de plantas dissecadas do herbário
Títulos na biblioteca
TESOUROS EM UM
PRÉDIO IMPERIAL
Paleontologia
(Preguiça gigante / Dinossauro Maxakalisaurus
topai / Tiranossauro)
Arqueologia Pré-colombiana
(Oratório / Sala da Imperatriz)
Arqueologia brasileira
(Luzia, caçadores e coletores / Sambaqui /
Horticultores ceramistas / Sala dos diplomatas
Móveis da monarquia
(Cronologia / Sala do Trono)
Etnologia
(Etnologia indígena brasileira / África, memória
e patrimônio / Karajás / Culturas do Pacífico)
Outros
(Meteorítica / Evolução do Homem / Aves do
Museu Nacional / Conchas, corais e borboletas/
Culturas do Mediterrâneo)
2º PAVIMENTO
1º PAVIMENTO
*O 3º pavimento abriga
o setor administrativo