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Prédio do Museu Nacional não corre risco de desabar, afirma Defesa Civil

Segundo coordenador do órgão, as causas do incêndio serão apontadas pela perícia
Vista aérea do Museu Nacional no dia seguinte ao incêndio Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Vista aérea do Museu Nacional no dia seguinte ao incêndio Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO — Um laudo preliminar da Defesa Civil municipal aponta que não há risco de desabamento da fachada do palácio que abriga o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio. Há, porém, uma recomendação de interdição momentânea do prédio.

— A fachada por inteiro nós não verificamos indícios de risco estrutural de colapsar. Existe, sim, em função de trincas que ocorreram na fachada e do revestimento, é possível a queda de partes dos revestimentos, de fragmentos dos adornos, dos beirais e da própria esquadria das janelas que estão danificadas devido ao incêndio — disse o coordenador da Defesa Civil do Rio, Luiz André Moreira, em entrevista ao telejornal "RJTV".

O coordenador da Defesa Civil disse que o laudo ainda está em fase conclusiva e afirmou que as causas do incêndio serão apontadas pela perícia. A equipe do órgão entrou no Museu Nacional no fim da manhã desta segunda-feira, para avaliar as condições da estrutura do prédio. O incêndio foi controlado durante a madrugada, após os bombeiros iniciarem trabalho de rescaldo às 3h. Ao todo, 80 militares de 12 quartéis do Rio e 21 viaturas participaram do combate às chamas.

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Um bombeiro entra no prédio do Museu Nacional Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Um bombeiro entra no prédio do Museu Nacional Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

No início da manhã, quando os primeiros raios de sol iluminaram o museu, foi possível ter uma noção maior do incêndio. Parte da fachada chamuscada pelo fogo, o teto desabado e todo o interior praticamente destruído representam a tragédia de grande repercussão. A cerca de 100 metros do museu, ainda é possível sentir o cheiro de queimado. Por volta das 6h, bombeiros usavam a escada magirus para verificar possíveis focos de incêndio e ter uma visão mais ampla do espaço.

— É muito triste chegar aqui e ver. Quando soube, fiquei desolada. Nem consegui dormir direito. A gente mora no bairro e esse museu representa muito pra gente — lamentou a bancária Luciana Aquino, de 34 anos, que caminha todo dia pela Quinta da Boa Vista, na Zona Norte.

O fogo teve início por volta das 19h deste domingo. As partes laterais e a de trás do museu foram as que mais demoraram a ter as chamas contidas. Houve alguns desabamentos internos. A assessoria do museu disse que ainda não está claro o que deu início ao incêndio. O Corpo de Bombeiros também não trabalha ainda com nenhuma hipótese sobre as causas. Somente após os primeiros resultados da perícia é que isso poderá ser respondido.

PROBLEMAS ATRAPALHARAM O COMBATE ÀS CHAMAS

O início do trabalho dos bombeiros foi dificultado no início. O comandante-geral da corporação, Roberto Robadey, afirmou que os dois hidrantes localizados na área do museu não tinham pressão suficiente. A corporação chegou a pedir a ajuda da Cedae para desviar água até a região, o que não foi alcançado, segundo Robadey. Caminhões-pipa foram então enviados pela companhia para combater o fogo.

— As primeiras equipes chegaram aqui com carros suficientes para o primeiro combate. Mas, infelizmente, perdemos de 30 a 40 minutos de trabalho por causa desse problema com os dois hidrantes — disse Robadey.

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Ainda de acordo com o comandante, o prédio não tinha um sistema adequado de prevenção a incêndios, já que ele foi concebido há 200 anos, muito antes da lei que trata sobre a segurança contra incêndios no Estado do Rio, de 1976. O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, também comentou sobre o assunto. Segundo ele, melhorias de infraestrutura precisariam ser feitas e viriam após ajuda financeira do BNDES. Leher conta que a primeira parcela seria de R$ 21 milhões.

— Grande parte desse investimento estava destinado justamente a um sistema de prevenção de incêndios, que seria uma mudança muito robusta - conta Leher.

Essa intenção da UFRJ foi confirmada pelos bombeiros após o incêndio.

— Tenho informes de que, há cerca de um mês, a organização do museu esteve em contato com a nossa equipe que cuida dessa área dizendo ter os recursos e também o interesse em se regularizar junto aos Bombeiros — assinala Robadey.

CLIMA DE MOBILIZAÇÃO E TRISTEZA

Durante toda a noite, equipes do Centro de Operações Rio (COR), da Defesa Civil, da Guarda Municipal, da CetRio, Comlurb e Rio Luz, além do Corpo de Bombeiros, atuaram no local. Funcionários do museu, professores e admiradores da instituição se reuniram na frente do museu. Eles tentaram salvar o acervo, retirando parte do material lá de dentro, e lamentaram a perda histórica irreparável.

— É muito triste. Moro aqui perto e quando soube do incêndio resolvi vir para cá, não tava acreditando em tudo isso. Olhando daqui, vendo o fogo devastando o prédio, me sinto dentro de um filme de terror — disse a professora Clara Alves, de 52 anos, que esteve no local na noite deste domingo.

A reitoria da UFRJ e a direção do Museu Nacional vão, após o incêndio deste domingo, reavaliar o que realmente foi perdido e tentar recuperar o que pode ser salvo. De acordo com o diretor do museu, Alexander Kellner, as instituições já estão conversando para definir quais iniciativas de trabalho serão utilizadas. Uma reunião com o ministro da Educação, Rossiele Soares, está marcada para esta segunda.

— Não temos ainda como avaliar com exatidão quanto do material foi perdido. É preciso que entendam que o Brasil hoje está de luto e a gravidade do episódio, o sentimento dentro da gente. O incêndio afeta todo mundo, não só a instituição — pontuou Kellner.

Em nota, o ministro já havia afirmado que não serão medidos esforços para auxiliar a UFRJ a recuperar o patrimônio atingido. “O Ministério da Educação lamenta o trágico incêndio ocorrido neste domingo no Museu Nacional, que completa 200 anos neste ano. O MEC não medirá esforços para auxiliar a UFRJ no que for necessário para a recuperação desse nosso patrimônio histórico", diz o texto.

No momento em que as chamas começaram a se alastrar, havia quatro vigilantes no prédio, que, segundo os militares, não ficaram feridos. O prédio foi residência da família real entre os anos de 1816 e 1821. Os três andares do palácio abrigam um acervo de 20 milhões de itens, incluindo documentos da época do Império; fósseis; coleções de minerais; e a maior coleção egípcia da América Latina. É a instituição científica e o museu mais antigo do Brasil, tendo em maio último completado 200 anos.

200 anos de história
1818
1863
1889
1892
1927
É criada a Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional
É criada a Biblioteca Central
O museu é transferido do Campo de Sant'Anna para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boavista
No dia 6 de junho, dom João VI cria por decreto o Museu Real
O Paço de São Cristóvão abriga a Primeira Assembleia Constituinte da República
1937
1946
2018
A Fundação da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional (atual Associação dos Amigos do Museu Nacional) é criada
O museu é incorporado à Universidade do Brasil (atual UFRJ)
Museu Nacional completa 200 anos
20 milhões
6.500.000
11.417 m2
LOCAL DO INCÊNDIO
Peças no acervo
Área construída do palácio
Exemplares nas coleções zoológicas
Museu Nacional
Rio Zoo
Jardim
Zoológico
21 mil m2
26.160
537 mil
Área do terreno do palácio
Fósseis nas coleções paleontológicas
Títulos na biblioteca
QUINTA DA
BOA VISTA
1481
130 mil
3.500 m2
Ano da obra mais antiga da biblioteca central
Área de exposição atual
Itens nas coleções antropológicas
maracanã
15.672
550 mil
150 mil
N
Amostras nas coleções geológicas
Exemplares de plantas dissecadas do herbário
Visitantes por ano
TESOUROS EM UM
PRÉDIO IMPERIAL
Paleontologia
Arqueologia Pré-colombiana
Arqueologia brasileira
*O 3º pavimento abriga
o setor administrativo
Móveis da monarquia
Etnologia
2º PAVIMENTO
Culturas do Mediterrâneo
Evolução do Homem
Preguiça gigante (Megafauna)
Aves do Museu Nacional
Os Karajás
Egito Antigo
Oratório e Sala da Imperatriz
Luzia, caçadores e coletores
Kumbukumbu - África, memória e patrimônio
Horticultores ceramistas
Culturas do Pacífico
Sala dos Diplomatas
1º PAVIMENTO
A (R)evolução da plantas
Auditório
Roquette
Pinto
Meteorítica
Um Tiranossauro no Museu
200 anos de história
1818
1863
É criada a Biblioteca Central
No dia 6 de junho, dom João VI cria por decreto o Museu Real
1889
1892
O museu é transferido do Campo de Sant'Anna para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boavista
O Paço de São Cristóvão abriga a Primeira Assembleia Constituinte da República
1927
1937
É criada a Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional
A Fundação da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional (atual Associação dos Amigos do Museu Nacional) é criada
1946
2018
O museu é incorporado à Universidade do Brasil (atual UFRJ)
Museu Nacional completa 200 anos
LOCAL DO INCÊNDIO
Museu Nacional
Rio Zoo
Jardim
Zoológico
QUINTA DA
BOA VISTA
maracanã
N
20 milhões
6.500.000
Peças no acervo
Exemplares nas coleções zoológicas
21 mil m2
26.160
Área do terreno do palácio
Fósseis nas coleções paleontológicas
1481
130 mil
Ano da obra mais antiga da biblioteca central
Itens nas coleções antropológicas
15.672
150 mil
Amostras nas coleções geológicas
Visitantes por ano
11.417 m2
3.500 m2
Área construída do palácio
Área de exposição atual
550 mil
537 mil
Exemplares de plantas dissecadas do herbário
Títulos na biblioteca
TESOUROS EM UM
PRÉDIO IMPERIAL
Paleontologia
(Preguiça gigante / Dinossauro Maxakalisaurus
topai / Tiranossauro)
Arqueologia Pré-colombiana
(Oratório / Sala da Imperatriz)
Arqueologia brasileira
(Luzia, caçadores e coletores / Sambaqui /
Horticultores ceramistas / Sala dos diplomatas
Móveis da monarquia
(Cronologia / Sala do Trono)
Etnologia
(Etnologia indígena brasileira / África, memória
e patrimônio / Karajás / Culturas do Pacífico)
Outros
(Meteorítica / Evolução do Homem / Aves do
Museu Nacional / Conchas, corais e borboletas/
Culturas do Mediterrâneo)
2º PAVIMENTO
1º PAVIMENTO
*O 3º pavimento abriga
o setor administrativo