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Análise: Flamengo tem na objetividade do ataque e nas defesas de Diego Alves a chave para ida à final da Libertadores

Noite inspirada de Bruno Henrique e de Everton Ribeiro decidiram para rubro-negro vencer o Barcelona por 2 a 0
Bruno Henrique na partida do Equador: foi dele os quatro gols da semi Foto: SANTIAGO ARCOS / AFP
Bruno Henrique na partida do Equador: foi dele os quatro gols da semi Foto: SANTIAGO ARCOS / AFP

Na Libertadores mais dominada por brasileiros de todos os tempos, nada mais justo do que uma decisão entre duas equipes do país . E a final do dia 27 de novembro, em Montevidéu, ainda vai servir como espécie de tira-teima para saber de quem é a maior hegemonia no continente neste momento. Pois, com a nova vitória por 2 a 0 sobre o Barcelona, o Flamengo confirmou sua presença na partida contra o Palmeiras. Será nada menos do que o confronto entre os dois últimos campeões do torneio.

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Palmeirenses e flamenguistas estabeleceram um duopólio do futebol sul-americano e brasileiro. São deles também quatro dos últimos cinco títulos da Série A nacional, sendo dois para cada lado. E a dupla ainda está na briga pela edição deste ano.

— Vai ser uma grande final. Dois times brasileiros. Chegaram as duas melhores equipes — exaltou Bruno Henrique, autor dos quatro gols dos dois jogos da semifinal.

Para o Flamengo, a final deste ano ainda trará um ingrediente extra. No dia 27, o time voltará ao estádio onde conquistou sua primeira Libertadores, em 1981. O rubro-negro chega à nova decisão com uma marca expressiva. Tornou-se dono da maior série invicta da história do torneio (17 jogos, igualando-se ao Sporting Cristal, do Peru, entre 1962 e 1969). O triunfo ainda levou Renato Gaúcho a se isolar como treinador com mais vitórias na competição (50).

A tão sonhada formação ideal para Renato Gaúcho, utilizada pela primeira vez desde que ele assumiu o Flamengo, não durou nem 10 minutos. Com dor na coxa esquerda, David Luiz precisou ser substituído por Gustavo Henrique. Mas a mudança não atrapalhou a estratégia pensada pelo treinador. Com a vantagem no placar, o time carioca se postou bem compactado. Mas não recuado, o que atrairia os equatorianos. Tentou segurar a bola no meio-campo, sem pressa para atacar e deixou o desespero por conta do adversário, que parecia só ter os cruzamentos na área como recurso.

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Apesar do aparente controle, os rubro-negros passaram sufoco. Assim como no Maracanã, Diego Alves saiu de campo como um dos protagonistas. Enquanto o goleiro Burrai fez duas defesas, o camisa 1 do Flamengo salvou seis bolas — cinco só no primeiro tempo.

Renato Gaúcho comemora com Arrascaeta e Everton Ribeiro a classificação do Flamengo para a final da Libertadores Foto: Franklin Jacome/AFP
Renato Gaúcho comemora com Arrascaeta e Everton Ribeiro a classificação do Flamengo para a final da Libertadores Foto: Franklin Jacome/AFP

O maior problema defensivo da equipe brasileira era o seu lado direito. Isla teve dificuldades para acompanhar os avanços por ali, principalmente quando o Barcelona virava o jogo. E isso mesmo com os laterais não tendo muita liberdade para avançar.

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Na frente, mais uma vez o Flamengo foi cirúrgico. O time ameaçou pouco o a meta de Burrai. Mas quando o fez, foi fatal. De volta após recuperar-se de lesão na coxa esquerda, Arrascaeta sentiu um pouco a falta de ritmo. Em alguns momentos, errou o tempo ou onde tocar a bola para os parceiros. Apesar da movimentação intensa, Gabigol poderia ter se destacado mais. Mas, num time que joga de forma muito vertical, construindo suas jogadas de forma bem objetiva, poucas peças inspiradas já fazem a diferença. Em Guayaquil, foram Bruno Henrique e Everton Ribeiro.

A jogada dos gols deixou isso bem claro. No primeiro, aos 17 da etapa inicial, Willian Arão acionou Everton Ribeiro na intermediária. O camisa 7 deu ótimo passe para Bruno Henrique, que se movimentou deixando a marcação para trás, driblou o goleiro e abriu o placar.

Aos 6 do segundo tempo, mais uma mostra de como se marcar gols sem muitos passes. Pela direita, Gabigol acionou Everton Ribeiro que, mesmo em boas condições, preferiu tocar para Bruno Henrique, livre de marcação, ampliar.

O curioso é que, apesar do placar agregado de 4 a 0, a torcida do Barcelona não deixou sua equipe desanimar. Seguiu cantando e, em determinado momento do jogo, até gritou “olé”. Uma queda nas semifinais não foi motivo de tristeza para eles. Pelo contrário. Esbanjaram orgulho. Belo exemplo de espírito esportivo.