Por g1 SP — São Paulo


Hospital da Prevent Senior, na Zona Sul de São Paulo — Foto: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

A operadora de plano de saúde Prevent Senior, alvo de denúncias por supostas irregularidades sobre sua atuação durante a pandemia do coronavírus, informou, em nota, que “nega e repudia as acusações mentirosas levadas anonimamente à CPI da Covid e à imprensa” e afirma “nunca ter escondido ou subnotificado óbitos”. Diz também que “sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais”.

A respeito do depoimento da advogada Bruna Morato nesta terça-feira (28) à comissão, a operadora disse que “o mesmo teor dessas imputações foi trazido à empresa, antes da CPI, pela advogada Bruna Mendes dos Santos Morato, que pediu a quantia de R$ 3,5 milhões para não acusar a Prevent”.

“Ao longo da epidemia, a Prevent aplicou cerca de 500 mil testes em que constatou o contágio de 56 mil pacientes. Desse número, 7% redundaram em mortes. Todos os casos foram rigorosamente notificados. A Prevent Senior sempre respeitou a autonomia dos médicos”, diz a nota.

E finaliza: “Esse índice de 93% de vidas salvas, na faixa etária média dos 68 anos de idade, é, comprovadamente, superior ao que se registra nos hospitais das redes pública e privada. Não por acaso, o índice de confiabilidade e aprovação da clientela da Prevent Senior é superior a 90%”.

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A empresa é investigada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado por conduta antiética e anticientífica na pandemia. Pesam sobre ela denúncias de alteração de prontuários médicos para maquiar mortes por Covid-19, realização de pesquisa médica sem consentimento de pacientes e distribuição de medicamentos para o chamado “tratamento precoce” – que a ciência já provou serem ineficazes no combate ao coronavírus.

Além da CPI, também foram abertas investigações sobre a operadora pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e pelo Ministério Público do estado.

O diretor-executivo do plano de saúde, Pedro Batista Júnior, foi ouvido na CPI no dia 22 e afirmou que foram os pacientes que passaram a exigir a prescrição da cloroquina, mas confirmou que a operadora orientou médicos a modificarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada com Covid-19.

O presidente da empresa, Fernando Parrillo, destacou, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, que os médicos têm autonomia na escolha do tratamento do paciente e afirmou ser “lastimável” afirmar que a empresa obrigava os médicos a prescrever hidroxicloroquina.

“Alguns acreditam que a questão científica não é definitiva porque eles veem resultados. Obviamente, não dá para dizer que há prova científica. O fato é que, no front, para evitar que as complicações da covid levem o paciente à intubação, com chances muito grandes de morrer, o médico tem que ter autonomia para aplicar os tratamentos que julgue os mais adequados, com a concordância de pacientes e familiares. É lastimável dizer que a gente forçava dar cloroquina”, afirmou Parrillo.

A respeito da acusação de ocultação de mortes de participantes que participaram de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para tratar a Covid-19, que teve a divulgação do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), Parrillo disse ao “Valor” que o relato não seria publicado em revista científica, mas que “não dá para falar em fraude”.

“Houve um interesse de divulgar um resultado que levantasse novas hipóteses de investigação. Aquele relato não seria publicado em revista científica, obviamente, porque não atendia aos critérios metodológicos. Agora, não dá para falar em fraude. Os nossos médicos não inventaram os casos.”

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