Política

Eduardo Leite propõe o fim da reeleição em debate entre pré-candidatos do PSDB

Governador do RS também afirmou que errou em votar em Bolsonaro em 2018, mas detacou: 'Não vendo a alma pra ganhar a eleição'
'Não vendo a alma pra ganhar a eleição', afirma Leite ao justificar seu voto em Bolsonaro em 2018 Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
'Não vendo a alma pra ganhar a eleição', afirma Leite ao justificar seu voto em Bolsonaro em 2018 Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

SÃO PAULO e RIO — No debate entre pré-candidatos do PSDB para se tornar o presidenciável do partido, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, propôs o fim da reeleição. A declaração foi dada quando Leite foi questionado se, caso não fosse escolhido, ele tentaria um novo mandato no governo do RS. Ele já havia afirmado em outras ocasiões que não tentaria se reeleger e confirmou esse desejo nesta terça-feira, no debate das prévias presidenciais do PSDB organizado pelos jornais GLOBO e Valor.

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Leite afirmou também que não querer a reeleição o ajudou a melhor o relacionamento com o Legislativo do estado.

— O nosso modelo político é um ambiente de pouca colaboração se o eventual candidato é o governante ao cargo. Não ser candidato a reeleição criou um ambiente de maior colaboração com a Assembleia Legislativa — afirmou Leite, que disse que enfrentou temas sensíveis com o assembleia, superados pelo entendimento de outros partidos de que haveria benefícios para eles caso concorressem e ganhassem a eleição.

Assista à integra do debate

Leite também disse que a reeleição é um “problema” nos moldes atuais do sistema político brasileiro.

— Reeleição com fragmentação partidária como a gente tem é um problema. Se tivesse um sistema bipartidário, dois partidos fortes, a reeleição poderia ter uma outra condução. Mas, quando precisa constituir apoios políticos para formar um governo, a reeleição acaba sendo um problema.

Erro em apoiar Bolsonaro

Leite também procurou justificar nesta terça-feira o seu voto no presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018. A declaração foi feita em resposta ao ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

Além de Leite, Doria também contou com o apoio do presidente Bolsonaro na eleição passada e criou o slogan "Bolsodoria". Depois de eleito, porém, assim como o governador do RS, o paulista rompeu com o presidente e se tornou um dos seus principais opositores na política.

Virgílio foi duro com o governador do Rio Grande do Sul ao afirmar que ele não deveria ter se aliado com Bolsonaro e que deveria, então, “ter perdido como um verdadeiro tucano”.

Leite, por sua vez, rebateu o correligionário afirmando que não se aliou ao então presidenciável e que apenas declarou seu voto. Ainda assim, o candidato reconheceu que foi um erro.

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— Não vendo a alma pra ganhar a eleição a qualquer custo — afirmou o governador. O gaúcho criticou o PT, que disputava a Presidência contra o ex-capitão do Exército.

— Eu fiz uma única declaração de voto e marquei as diferenças que tenho com Bolsonaro — afirmou Leite, que frisou não concordar com a forma que o presidente trata algumas pessoas – O outro caminho era o PT, que tinha quebrado o país.

Em resposta a Leite, Virgílio afirmou que no segundo turno havia votado no ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato petista na disputa. Já no primeiro turno, disse que votou no ex-ministro Henrique Meirelles.

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Em outro momento, em pergunta direcionada a Leite, a colunista do GLOBO Míriam Leitão cita que, ao justificar o apoio ao então candidato Bolsonaro, em 2018, o tucano usou como justificativa o desastre econômico dos anos petistas. E relembrou que já eram públicos os ataques de Bolsonaro a democracia, a defesa de tortura. O governador do Rio Grande do Sul diz que foi um erro apoiar Bolsonaro e que não repetirá o voto no próximo ano.

— É importante discutir ideologia, gestão, mas o povo não come gestão, e ideologia não bota comida na mesa e vai resolver problemas reais da população. É muito fácil pra nós que temos a vida resolvida ficar discutindo a democracia e ignorar que milhões de pessoas deixam de comer. Não estou defendendo que se ignore o debate sobre a democracia. Tive que escolher entre um plebiscito. Ninguém duvida do meu voto em Alckmin, mas no segundo turno tivemos que escolher entre dois caminhos. Eu apostava que no caminho do Bolsonaro as instituições freariam, como estão freando, embora os ataques aconteçam.

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Apoio de Aécio

No bloco seguinte, o editor de política do Valor, Cesar Felício, questionou Leite se o apoio do deputado federal Aécio Neves (MG), investigado por suspeitas de corrupção, o constrange ou se o mineiro está sendo injustiçado. O governador do Rio Grande do Sul aproveitou a pergunta para alfinetar o adversário nas prévias, Joao Doria e disse que, em sua trajetória, "cumpriu todo o mandato" e nunca traiu aliados.

— Eu recebo o apoio não só do Aécio Neves, mas pelo diretório de Minas Gerais. O que posso destacar é que posso ser julgado pela minha própria trajetória, como vereador, prefeito e governador, sem ataque de corrupção, cumprindo meus mandatos na integralidade, sem trair aliados e sem qualquer tipo de dúvida sobre a minha conduta — diz Leite.