Política

Arthur Virgílio defende legado de FH e se emociona em debate dos pré-candidatos do PSDB

Candidato é o menos ativo nas prévias, mas chamou atenção por estilo autêntico e bem humorado
O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

SÃO PAULO — Menos ativo nas prévias presidenciais do PSDB, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio chamou atenção no primeiro debate organizado pelos jornais GLOBO e Valor ao alternar doses de humor e autenticidade. A participação de Virgílio teve choro ao lembrar dos tempos da ditadura, quando diz ter queimado carros no Rio de Janeiro, uma confissão de voto no petista Fernando Haddad em 2018 e frases de efeito como "precisamos de mais bobos e menos espertos".

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O mais experiente nas primárias tucanas, Virgílio encarnou uma espécie de ombudsman do PSDB, defendeu o legado dos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e deixou claro seu incômodo com a bancada federal da legenda, cujos setores flertam com o bolsonarismo e têm dificuldade de se unir.

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Num dos momentos de tensão, foi duro com o governador do Rio Grande do Sul ao afirmar que ele não deveria ter se aliado com Bolsonaro, mas sim “ter perdido como um verdadeiro tucano”. Virgílio não dispensou o mesmo tratamento ao paulista, que em 2018 chegou a adotar o slogan "BolsoDoria", que implicava no voto casado no hoje governador e no presidente.

O gaúcho tentou justificar e ouviu de Virgílio uma confissão de voto no ex-ministro Henrique Meirelles e depois em Haddad. Assim como Doria, Virgílio é desafeto do ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB em 2018 e aliado de Leite.

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Ao se referir a Leite, Virgílio também deixou claro em diversos momentos que faltava experiência ao gaúcho que pretende disputar a eleição presidencial aos 36 anos. No final do debate, deu mais um puxão de orelha no correligionário e disse que a democracia estava acima de qualquer valor. Leite havia se atrapalhado antes ao comentar sobre se a democracia não deveria estar acima da ideologia, ao preterir Haddad em vez de Bolsonaro em 2018. .

Em outro momento de descontração, o ex-prefeito foi instado a comentar uma frase sua do passado, quando chegou a dizer que Doria havia transformado as prévias de São Paulo numa espécie de "motel". O paulista venceu primárias em 2016 para a prefeitura e em 2018 ao governo estadual.

Virgílio riu da frase, mas disse que não a retirava e que ela refletia o que pensava na ocasião, embora hoje tenha boas relações com Doria.

Ao comentar uma frase de Doria sobre os números de sua gestão em São Paulo, Virgílio disse que também tem dados a apresentar, mas que não seria possível explicar tudo naquele momento. Pediu então que os telespectadores buscassem na internet informações sobre sua gestão na prefeitura de Manaus, onde diz ter sido reconhecido como "hexacampeão em saúde previdenciária".

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O candidato também discorreu sobre sua bandeira de defesa da Amazônia e levou a platéia aos risos ao esquecer o nome da árvore "pau rosa", que diz servir de matéria prima para o fixador de um perfume. Levantou ainda sua tese um tanto controversa sobre a intervenção estrangeira na Amazônia, uma vez que acredita que o desmatamento da floresta pode motivar outros países a tomarem conta daquele território.

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Ao se referir à segurança pública da capital do Amazonas, Virgílio chegou a dizer que o governo daquele estado "manda menos" do que uma facção criminosa que controla os presídios. O ex-prefeito é inimigo político do governador do Amazonas, Wilson Lima.

Virgílio tem sido cortejado pelos grupos dos governadores João Doria e Eduardo Leite, que esperam que ele desista das prévias e declare seu apoio. No entanto, isso não deve ocorrer tão cedo, já que o ex-prefeito pretende participar dos debates e viajar os diretórios tucanos de todas as capitais.

Na semana passada, Virgílio foi recebido por Doria, de quem é mais próximo,  no Palácio dos Bandeirantes, e nesta quarta-feira é esperado para um almoço com Leite na capital gaúcha. Depois, pretende apresentar suas propostas aos tucanos de Porto Alegre.

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Instado a comentar sobre se sua candidatura é para valer, Virgílio tem dito que quer vencer as prévias. Hoje deu mais uma demonstração:

— Não estou aqui pra perder, mas para derrotar vocês dois. Quero unidade e vitória no PSDB — afirmou.

No ninho tucano, porém, não convenceu aliados que esperam que desista antes de 21 de novembro, quando está marcada a votação da disputa.