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Covid: Brasil tem ao menos 16 milhões de atrasados com 2ª dose da vacina

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

13/10/2021 20h07Atualizada em 14/10/2021 10h03

Pelo menos 16 milhões de brasileiros estão com a segunda dose da vacina contra a covid-19 atrasada. Os dados constam no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde publicado na última segunda-feira (11) e se referem aos números até 26 de setembro. Hoje, o Brasil ultrapassou 100 milhões de pessoas completamente imunizadas, embora a imunização continue de maneira desigual entre os estados.

Para chegar a esse número de atrasados, a pasta considera o intervalo adequado para pessoas que receberam a primeira dose irem ao posto de vacinação e tomarem a segunda aplicação —esse intervalo considerado para o cálculo é diferente para os tipos de imunizante: 28 dias para CoronaVac e 84 dias para AstraZeneca e Pfizer (que teve prazo reduzido pela pasta, recentemente, para 56 dias).

Em dois meses, o número de faltosos saltou 247% no país —eram 5,5 milhões, segundo o boletim de agosto.

Especialistas alertam que apenas a primeira dose de imunização produz uma baixa defesa do organismo e, para evitar riscos, é necessário completar o ciclo vacinal em todos os grupos etários.

"Observou-se que pelo menos 16 milhões de pessoas que já deveriam ter completado o seu esquema vacinal continuam com registro de apenas a D1, portanto considerados faltosos", diz o boletim.

Vacinas com dose em atraso

  • 8,9 milhões (54%) que tomaram AstraZeneca
  • 4,7 milhões (29%) que tomaram CoronaVac
  • 2,7 milhões (17%) que tomaram Pfizer

Para ajudar a resolver o problema, o ministério pede um esforço nacional.

Os esquemas vacinais em atraso requerem desencadear ações junto a estados e municípios para identificar problemas relacionados ao atraso nesses registros e/ou estratégias mais efetivas para a busca ativa dos faltosos, se for o caso, ou acelerar o processo de digitação e transmissão dos dados."
Ministério da Saúde, em boletim

Para a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações em São Paulo, Melissa Palmieri, é necessário que as autoridades façam realmente esse esforço para vacinar completamente as pessoas que não tomaram a segunda dose, independentemente do período de atraso.

"Precisamos acelerar a vacinação para que esse percentual de eficácia desejada seja alcançado o mais rápido possível", diz.

O estado de São Paulo, por exemplo, organizou para o próximo sábado um mutirão para esse público. Cinco mil postos de vacinação funcionarão das 7h às 19h, no segundo "Dia V" da vacina, com foco em diminuir o total de atrasados. Segundo o governo, estão estimados em torno de 4,1 milhões de pessoas em atraso no estado.

Dose 1 finalizada

Até a data final do levantamento (26/9), a RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde) mostrava o registro de 219 milhões de doses já aplicados no Brasil, de 287 milhões distribuídos aos estados e municípios. Do total, 849.911 pessoas foram vacinadas com vacinas intercambiadas.

A combinação de vacinas mais estudada até o momento é da AstraZeneca com Pfizer - Getty Images - Getty Images
A combinação de vacinas mais estudada até o momento é da AstraZeneca com Pfizer
Imagem: Getty Images

"O Ministério da Saúde já concluiu o envio de doses para vacinar, com a primeira dose ou dose única, toda população brasileira acima de 18 anos, contemplando assim todos os grupos prioritários constantes do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação", afirma.

Um dos fatores que pode repercutir no número de faltosos é que muitos municípios fazem o registro tardio da vacinação, o que gera um atraso na atualização dos dados. De todos os registros, 30% (64,3 milhões de doses) chegam com mais de sete dias após a aplicação.

Em discussões e visitas aos estados prioritários foram identificadas diferentes situações problemas que foram desde a ausência de conectividade e recursos humanos e tecnológicos para registros das doses aplicadas em determinados municípios à necessidade de reorganização dos recursos próprios disponíveis.
Boletim do Ministério da Saúde

O problema é mais comum nos estados da região Norte, que têm o menor percentual de cobertura vacinal do país por logística e conectividade.

"Convém ressaltar que os quase um terço dos registros das doses aplicadas durante a campanha, informados de forma inoportuna, comprometem a análise dos resultados bem como na programação de ações estratégicas", diz o documento.