"Eu gosto muito de herói, mas talvez eu escreva melhor os vilões", costumava dizer Gilberto Braga, autor de novelas marcantes da TV Globo, que morreu na noite desta terça-feira (26). Não é por menos –em 1988, o Brasil parou para saber, afinal, quem havia matado Odete Roitman, a vilã cheia de personalidade encarnada por Beatriz Segall em "Vale Tudo". Com ela, prendeu a atenção do público até o último capítulo e rendeu uma das maiores audiências da TV na época.
No trabalho anterior em "Dancin' Days", de 1978, Braga, além de fazer um sucesso retumbante que lançou os padrões das telenovelas contemporâneas, também fez de Joana Fomm outra vilã marcante, Yolanda Pratini. Sua personalidade manipuladora que interferia no destino das personagens de Glória Pires e Sonia Braga também ajudou Fomm a deslanchar como atriz.
Mas sua expertise não ficou presa ao século 20. Em "Celebridade", de 2003, a rival da mocinha Maria Clara, vivida por Malu Mader, era a dissimulada Laura, que Claudia Abreu construiu como uma arrivista disposta a tomar tudo da outra.
Outra rivalidade feminina apareceu com a dualidade das gêmeas Taís e Paula, vividas por Alessandra Negrini, em "Paraíso Tropical", de 2007 —produção indicada ao Emmy de melhor telenovela. Quando as duas se conhecem ao longo da trama, Taís, a má, busca infernizar a vida da irmã e destruir seu relacionamento com Daniel, encarnado por Fábio Assunção.
Já na mais recente "Insensato Coração", de 2011, a personagem de Glória Pires, Norma, mergulha em uma saga de vingança contra Léo, papel de Gabriel Braga Nunes, que rouba um milionário para o qual ela trabalhava como enfermeira. Norma leva a culpa e, ao preparar a resposta contra o ladrão inescrupuloso, se transforma também em uma vilã digna da pena de Gilberto Braga.
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