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Especialistas se dividem sobre a liberação do uso de máscaras em áreas abertas

Professor da Uerj condena a decisão. Infectologista acha que medida chega tarde
Idoso usando mascara observa a praia do Leblon desde o Mirante Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo
Idoso usando mascara observa a praia do Leblon desde o Mirante Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo

RIO — Especialistas se dividem sobre a liberação do uso de máscaras em áreas públicas, autorizada pela Assembleia Legislativa e já anunciada pela prefeitura do Rio. Há quem considere precoce a decisão e quem ache que ela chegou tarde.

Professor do Instituto de Medicina Social da Uerj, Mário Roberto Dal Poz afirma que a decisão sobre tirar ou não a máscara tem que ser técnica e não política:

—A decisão da Alerj é o oposto do que deve ser a saúde pública. Deputados fazem leis, mas não podem tratar de saúde. Liberar a céu aberto o uso de máscaras seria possível se tivéssemos um programa de informação, fiscalização e testagem em massa para identificar doentes assintomáticos. Aqui só se testa quem está doente ou vai para o hospital. Estamos dando um tiro no escuro ao dispensar o uso das máscaras. Em Londres, onde liberaram as máscaras em áreas externas, há, por exemplo, cartazes nos pontos de ônibus dizendo que, se estiverem ali três pessoas ou mais é preciso colocar o equipamento. Lá, é feito monitoramento de casos assintomáticos. Aqui, se libera sem controle.

Para a epidemiologista Gulnar Azevedo e Silva, também do Instituto de Medicina Social da Uerj, a autorização para não usar máscaras em ambientes fechados só deveria ser dada com pelo menos 80% da população total vacinada e com taxa de transmissão de Covid-19 de até 0.5. Em áreas abertas, ela acha que é possível desde que obedecendo regra.

— Como a pandemia não acabou, tirar a máscara em ambiente aberto teria que ser com distanciamento — diz Gulnar. — É preciso ainda não passar a sensacão de que a pandemia está controlada, o que não é verdade. A gente ainda tem muitos casos e óbitos no Brasil.

Associado da Sociedade Brasileira de Infectologia e especializado em infectologia hospitalar, Luis Fernando Waib pensa diferente. Para ele, a liberação de máscaras em áreas abertas já deveria ter acontecido:

— Em ambiente aberto, a gente não deveria mais usar esse tipo de proteção. O número de casos está em queda, a infecção está rumando para virar endêmica. As pessoas ou já pegaram ou estão vacinadas. O ambiente aberta oferece um risco baixíssimo. Não vejo sentido em manter essa obrigatoriedade. Em áreas abertas, não faz mais o menor sentido utilizar máscara. Agora, em ambiente fechado, se mantém a indicação.