Aquecimento Global

Por Carolina Dantas, g1


Fogo consome terras recentemente desmatadas e queimadas por pecuaristas perto de Novo Progresso, no Pará, em 23 de agosto de 2020. Incêndio e desmatamento na Amazônia, na região Norte do Brasil. — Foto: Andre Penner/AP

Em novo relatório divulgado nesta terça-feira (26), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, sigla em inglês), mostra que Brasil e México são os únicos países do G20 que atualizaram suas metas contra as mudanças climáticas até 2030, mas, mesmo assim, deverão emitir mais do que em 2010.

Em dezembro de 2020, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apresentou uma nova marca para as emissões de gases do efeito estufa até 2030: passar a liberar 400 milhões de toneladas a mais do que o previsto há 10 anos. O documento do programa da ONU apenas confirma que o Brasil, portanto, não está sozinho: o México também não apresentou metas mais ambiciosas, um descompasso com o que prevê o resto do mundo.

Juntos, os países do G20 apresentaram objetivos que, se cumpridos, resultarão em uma redução de 3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa em comparação com 2010. Seis membros conseguiram promessas mais ambiciosas: Argentina, Canadá, União Europeia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos.

Além disso, China, Japão e Coreia do Sul também divulgaram planos que devem gerar uma redução das emissões anuais, mas ainda não as apresentaram formalmente à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). As metas da Austrália e da Indonésia não devem representar mudanças em relação aos número de 2010.

Porém, de maneira geral, a ONU alertou sobre a baixa ambição nas promessas dos Estados de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que deveriam ser sete vezes maiores para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC.

Para isso, o documento reforçou que é preciso reduzir 28 gigatoneladas de CO2 equivalente (a unidade de medida de todas as emissões de gases de efeito estufa) até 2030,se quisermos chegar a um aumento de 1,5ºC.

Os especialistas que fizeram o relatório também alertam para o risco de que essas previsões não sejam cumpridas, uma vez que, por exemplo, os países do G20 (80% das emissões globais) não estão respeitando seus NDC anteriores, e as estratégias para alcançar a neutralidade de carbono são "vagas".

Emissões e pandemia

As emissões do planeta durante a pandemia tiveram uma queda sem precedentes, aponta o documento. Assim como no caso da atualização das metas, os números variaram entre países.

"Apesar da pandemia, as emissões de CO² da China cresceram 1,3% em 2020, embora a maioria dos outros grandes emissores tenham visto um declínio nas emissões, incluindo os Estados Unidos (10%), a União Europeia (10%) e a Índia (6,2%)".

Junto com a China e com a Rússia, o Brasil está na lista das exceções: na comparação entre o primeiro semestre de 2019 e o primeiro semestre de 2021, os três países são os únicos que conseguiram aumentar as emissões de gases do efeito estufa, de acordo com a ONU.

'Crescimento verde'

Nesta segunda-feira (25), o governo federal anunciou o Programa Nacional de Crescimento Verde. A ideia é sistematizar as ações do Brasil na área ambiental e de desenvolvimento sustentável. O Palácio do Planalto e os ministérios de Meio Ambiente e Economia, que são responsáveis pela iniciativa, não detalharam como isso irá ocorrer na prática. Durante o evento, uma redução mais ambiciosa das metas relacionadas às mudanças climáticas não foi tratada.

‘Brasil já é uma potência verde’, diz Guedes em lançamento de Plano Nacional de Crescimento Verde

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Apesar disso, segundo o governo, o programa tem como principais objetivos "aliar redução das emissões de carbono, conservação de florestas e uso racional de recursos naturais com geração de emprego verde e crescimento econômico".

Os únicos indicadores apresentadores são as linhas de crédito que, somadas, chegam a R$ 400 bilhões para "projetos verdes". Mas, segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, só cerca de R$ 12 bilhões (3% do valor total) são recursos novos.

"O lançamento é para deixar claro como o Brasil tem R$ 400 bilhões na direção verde. Investimentos e financiamentos que são bastantes robustos. Se você comparar outros países do mundo, nós temos um volume bastante relevante de recursos, todos eles com alguma característica verde. Energias renováveis, agricultura de baixo carbono, ecoturismo, renovação florestal" afirmou o ministro.

A partir de sábado (31), começa a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), que deverá colocar na mesa uma busca por metas mais ambiciosas entre países para a manutenção de uma temperatura média de 1,5ºC. Segundo o governo, o Programa Nacional de Crescimento Verde deverá ser apresentado no evento.

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