Funchal reuniu equipe e disse que era questão de princípio manter o teto de gastos

Secretário especial do Tesouro e Orçamento disse a auxiliares que foi até o limite na defesa da política fiscal e do teto de gastos, segundo apurou o 'Estadão'

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Por Adriana Fernandes
2 min de leitura

BRASÍLIA - O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, reuniu sua equipe e principais auxiliares, poucos minutos antes do anúncio de seu pedido de exoneração, e avisou que não havia mais condições de continuar no cargo. "Foi uma questão de princípio", disse Funchal a interlocutores, segundo apurou o Estadão.

No diálogo, ele disse que foi até o possível na defesa da política fiscal e do teto de gastos, que foi ultrapassado com as mudanças negociadas para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400,00.

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Para ele, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, da forma como estava antes, era o limite do que ele via como "aceitável" e passou dali ficou muito difícil.

Bruno Funchal deixa Ministério da Economia após pedir exoneração do cargo de secretário do Tesouro. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 21/10/2021

Segundo fontes relataram ao Estadão, não se tratava apenas de uma questão de legalidade para flexibilização do teto, mas de convicção da importância da regra fiscal para o controle das despesas. A saída de Funchal já tinha sido gestada nas reuniões de final de semana e de segunda-feira com o presidente Jair Bolsonaro, quando ficou clara a ruptura da política fiscal com a finalidade eleitoral. Há quase um mês, conforme relatou o Estadão/Broadcast, Funchal garantiu a um grupo de investidores que não assinaria qualquer medida que extrapolasse o teto de gastos.

Alguns dos seus principais auxiliares também seguiram o mesmo pensamento. Conforme informou o Ministério da Economia, além de Funchal, estão deixando a pasta a adjunta do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas; o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e seu adjunto Rafael Araújo. 

A intenção era esperar a mensagem modificativa do orçamento, mas os últimos acontecimentos e o atropelo do grupo político, que pressionou pelas mudanças no teto de gastos, sem uma defesa contundente e pública do ministro da Economia, Paulo Guedes, foram a gota d'água.

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A expectativa é que seja feita uma transição suave. Conforme nota do Ministério da Economia, "os pedidos foram feitos de modo a permitir que haja um processo de transição e de continuidade de todos os compromissos".

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