Finanças
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Gabriel Roca, Valor — São Paulo

O dia foi marcado por uma expressiva redução nos níveis de risco no portfólio dos agentes financeiros, com a perspectiva crescente de que o atual regime fiscal do país deve ser flexibilizado para comportar mais gastos do governo. O movimento levou o Ibovespa a seus menores níveis de fechamento de 2021 e fez o índice se aproximar da marca de 10% de perdas no acumulado do ano.

O Ibovespa fechou o pregão em queda de 2,94%, aos 107.527 pontos, após ter marcado 105.714 pontos, em baixa de 4,57%, nas mínimas do dia. Apenas 2 dos 92 ativos que compõem o índice encerraram o pregão em alta: Suzano ON subiu 1,65% e Banco do Brasil Seguridade ON avançou 0,80%. O volume financeiro negociado na B3 hoje foi superior a R$ 40 bilhões.

As declarações feitas ontem pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, admitindo que o governo permitiria cerca de R$ 30 bilhões em gastos extraordinários fora do teto de gastos dispararam um forte movimento de aversão ao risco no pregão desta quinta-feira.

Ao longo do dia, notícias negativas do ponto de vista fiscal foram se avolumando e ampliando o desconforto dos agentes financeiros, que passaram a apostar em taxas de juros maiores no horizonte, afetando, por sua vez, os preços das ações.

Assim, 58 ações encerraram o pregão de hoje com perdas superiores a 2,50%. Ativos sensíveis a taxas de juros, como bancos não tradicionais, varejistas eletrônicas, construtoras e concessionárias foram as principais afetadas. Americanas ON recuou 10,76%, Banco Inter Units caiu 10,70%, Banco Pan PN fechou em baixa de 7,88% e Méliuz ON recuou 7,75%.

Entre as blue chips, as perdas também foram expressivas. Petrobras ON e PN caíram 3,10% e 3,38%. No setor financeiro, Banco do Brasil ON recuou 4,24%, Itaú PN perdeu 1,69% e Bradesco PN fechou em baixa de 1,67%. Vale ON encerrou com perdas de 1,64%.

Para o gestor de renda variável da Western Asset, Guto Leite, o recente sinal de ruptura do teto de gastos é indiscutivelmente negativo, o que tende a aumentar ainda mais os prêmios de risco para as ações locais.

"Os investidores dos ativos de risco estão tentando entender qual é a nova precificação de Selic e de bolsa. O que a gente pode dizer é que o sinal é muito negativo, em um ataque mais direto ao regime fiscal", afirma.

Segundo ele, o processo eleitoral do ano que vem já foi antecipado e as incertezas e volatilidade do mercado tendem a permanecer nos próximos meses. "Quando a gente olha esse cenário, fica mais difícil esperar um rali de bolsa, pelo menos até termos algumas definições importantes", prevê.

Apesar da queda expressiva dos preços das ações, o cenário ainda justifica cautela. "Quando eu olho para valuation, parece que a gente incorporou bastante notícia negativa. Contudo, ainda a deterioração é um processo em evolução. Vamos parar nos R$ 400? Vamos dar auxílio para outros grupos? E como isso, a médio prazo, altera o processo eleitoral?", pergunta o gestor.

Logo, a postura adotada é de maior paciência em meio às incertezas. "Ainda estamos debatendo se o valuation já é descontado o suficiente para fazer compras pontuais. Não estamos fazendo vendas, mas também não estamos adicionando nada ao portfólio", afirma.

Segundo Guilherme Rebouças, sócio e estrategista de investimentos da OBB Capital, houve problemas de comunicação por parte do governo em relação ao limite a ser excedido no teto de gastos. "Com isso, o mercado está lendo que são R$ 30 bilhões agora, que podem virar R$ 100 bilhões depois. O Brasil ainda está construindo sua credibilidade e precisa de ancoragem fiscal, já que é um país emergente", afirma.

De acordo com ele, em caso de desancoragem das expectativas fiscais, o Banco Central precisaria atuar de maneira mais dura na política monetária, podendo levar o país a uma desaceleração forte em 2022, cenário que traria o aumento dos prêmios de risco e taxas de juros maiores.

Rebouças também avalia que pode haver um exagero no movimento atual do mercado, dado que os R$ 30 bilhões de furo no Orçamento, sendo um evento transitório, não seriam exatamente um problema.

"A gente imaginava que o governo estaria mais endividado neste momento e as previsões de PIB em 2021 melhoraram de cerca de 3% para 5% em 2021. O estresse, óbvio, pode piorar, mas me parece que já há um estrago bom nos preços", avalia.

O problema seria se houvesse uma continuidade do anúncio de novos gastos extraordinários. "Isso traria mais deterioração, na margem, e o mercado vai exagerar ainda mais o movimento. Seria complicado, e o BC precisaria ser bastante agressivo, podendo matar o crescimento do ano que vem", conclui.

Mais recente Próxima Daycoval capta R$ 1 bilhão em letras financeiras

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Empresa decidiu — para alguns, de forma nada surpreendente — sair do segmento de bebidas lácteas enriquecidas

Segundo o secretário extraordinário da Reforma Tributária, o cidadão paga imposto sobre plano de saúde individual, portanto não faria sentido "uma empresa poder contratar o mesmo plano para seus funcionários sem pagar imposto"

IVA incide sobre ‘salário indireto’ como planos de saúde, diz Appy

Ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, diz que os países em desenvolvimento precisariam de U$ 2 bilhões anualmente, dos quais metade de fontes estrangeiras

COP29 quer aumentar fundos para ajudar países mais pobres a combater aquecimento global

Em jantar com jornalistas estrangeiros na terça-feira (23), Sousa reconheceu os crimes cometido por Portugal durante a era colonial

Presidente de Portugal é criticado por falas sobre reparação da escravidão

A iniciativa já existe em diversos Estados, como a “nota fiscal paulista”

Appy diz que programa de cidadania fiscal vai distribuir até R$ 700 milhões por ano

Secretário extraordinário da Reforma Tributária explicou que caso os entes queiram estabelecer outra alíquota, devem considerar a padrão e definir acréscimo ou decréscimo em pontos percentuais e aprovar uma lei nas suas assembleias

Appy: União, Estados e municípios poderão fixar alíquota padrão diferente da definida pelo Senado

Belmiro Gomes disse que espera um 2024 melhor que 2023, mas que houve impacto da inflação nos preços de janeiro a março

Assaí: Estimativa de alavancagem para fim de 2024 é inferior a 3,2 vezes, diz seu presidente

Adroaldo Portal não apresentou dados sobre o valor do impacto do projeto, mas disse que o governo aceitou o déficit previdenciário como forma de reconhecer a importância dos trabalhadores de aplicativo

Projeto para motorista de aplicativo abre buraco na Previdência, diz secretário

Em quatro meses de governo, brutais cortes de gastos levaram o peso a se valorizar até 25% em relação ao dólar

Milei dá sinais de que está estabilizando a moeda na Argentina

Lucro líquido da companhia dobrou no período, ante os primeiros três meses de 2023, para R$ 55 milhões

Analistas destacam números saudáveis da Log CP no primeiro trimestre; ações sobem 5%