Por Marcos Losekann e Márcio Falcão, TV Globo — Brasília


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio de todas as contas de redes sociais vinculadas ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e também das contas bancárias. Também ficam proibidos os repasses de dinheiro das plataformas para os canais e contas, a chamada monetização.

O ministro também determinou a prisão preventiva de Allan dos Santos e que o Ministério da Justiça inicie o processo de extradição.

O STF autorizou ainda as quebras do sigilo sobre as transações financeiras e dos dados de mensagens e e-mails desde janeiro de 2020, como requerido pela Procuradoria-Geral da República. Ficam vedadas ainda remessa de dinheiro dele para o exterior e repasse de verba pública.

A TV Globo teve acesso ao processo que envolve a prisão de Santos. A decisão de Moraes atende a um pedido da Polícia Federal.

Allan dos Santos é um dos aliados mais próximos da família Bolsonaro. Ele é investigado no Supremo em dois inquéritos: o que apura a divulgação de fake news e ataques a integrantes da Corte e também no que identificou a atuação de uma milícia digital que trabalha contra a democracia e as instituições no país.

Após ser alvo de operações, ele deixou o Brasil e teria entrado em julho nos Estados Unidos.

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Origem do dinheiro

Chamou atenção dos investigadores o alto volume de doações recebidas pelo blogueiro em seus multicanais, com uma grande quantidade de fontes. Há registro de repasses de diversos servidores públicos, sendo que um deles fez transferências de R$ 40 mil.

A PF quer esclarecer ainda as relações de Allan dos Santos com a verba pública, em especial da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

“O aprofundamento das investigações até o momento realizadas pela Polícia Federal, inclusive com a identificação da interposta pessoa na Secom para atender aos interesses de Allan dos Santos e seu grupo é ponto ainda a se esclarecer, especialmente em virtude da finalidade visada pelas condutas criminosas, qual seja, a agressão ao Estado Democrático de Direito”.

Segundo a PF, “aparentemente, o objeto econômico do grupo é obter financiamento com verbas públicas para a propagação de ideias antidemocráticas e contra o regime democrático brasileiro e o Estado de Direito".

"Fica evidente, assim, a intenção do grupo de Allan dos Santos de acessar os órgãos públicos aptos a permitir o acesso a verbas públicas, possivelmente direcionadas a produtoras e conteúdos relacionados ao canal ou à linha ideológica de ataque às instituições democráticas. Aparentemente, seria mais uma das formas de financiamento – agora com dinheiro público - o que demanda melhor apuração”, completou a polícia.

A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo concordou com o afastamento dos sigilos. Ela disse que a medida é necessária para investigar a suspeita de que as doações aos canais do blogueiro são disfarces para o uso ilícito de recursos.

"O acesso aos registros de acesso e dados cadastrais dos responsáveis pela realização de doações ao canal Terça Livre durante a realização de lives no YouTube emerge como relevante providência no intuito de desvelar as particularidades da situação investigada e a extensão da autoria delitiva, dado que uma das suspeitas que ensejou a instauração do inquérito é precisamente o uso desse mecanismo para disfarçar a origem e a destinação eventualmente ilícitas dos recursos que alimentam a produção e a divulgação de notícias falsas e/ou atentatórias às instituições do Estado Brasileiro", escreveu a subprocuradora-geral.

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