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Desinformação

Políticos e cientistas repudiam fake news de Bolsonaro que relaciona vacinação ao desenvolvimento de HIV

Presidente Jair Bolsonaro em live na última quinta-feira

Filipe Vidon

Políticos e cientistas repudiaram nas redes sociais a afirmação falsa do presidente Jair Bolsonaro de que a vacinação completa contra a Covid-19 estaria relacionada ao desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Em sua live semanal, na última quinta-feira, o mandatário declarou que daria uma notícia “grave” e disse que pessoas que tomaram duas doses do imunizante contra o novo coronavírus no Reino Unido estariam desenvolvendo a doença.

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"Outra coisa grave aqui, só vou dar a notícia, não vou comentar, já falei sobre isso no passado e apanhei muito. Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados, quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, 15 dias depois após a primeira dose… estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência muito mais rápido que o previsto (...) Não vou ler aqui porque posso ter problemas com a minha 'live'”, disse o presidente sobre a suposta notícia.

A fake news citada por Bolsonaro foi publicada originalmente no site britânico beforeitsnews, uma agência de notícias baseada em desinformação. Líder da minoria na Câmara, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), afirmou no Twitter que a declaração do chefe do Executivo deve constar como “mais um crime na ficha de Bolsonaro”.

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“Bolsonaro mais uma vez usou documento falso para atacar as vacinas e associá-las a aids. Lamentável que essa seja a prioridade do presidente de um país com mais de 600 mil mortos, 20 milhões de famintos e 14 milhões de desempregados. Mais um crime na ficha de Bolsonaro”, disse Freixo.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-RS), coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/aids/hepatites virais no Congresso Nacional, afirmou na plataforma que entrará na Justiça contra o presidente por sua declaração.

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“Absurdo! Bolsonaro dispara mais uma fakenews associando vacina a AIDS. Como coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/AIDS/hepatite virais no Congresso, entrarei com todos as medidas jurídicas contra o presidente e sua fala negacionista”.

Manuela D'Ávila (PCdoB), que concorreu à vice-presidência da República em 2018, afirmou que Jair Bolsonaro "segue com seu projeto de morte" ao espalhar fake news sobre as vacinas.

A informação falsa que relaciona a vacinação contra a Covid-19 ao desenvolvimento de HIV já era de conhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que trabalhou em uma campanha para reforçar a importância de portadores da doença serem imunizados contra o coronavírus. A microbiologista Natalia Pasternak afirmou categoricamente que nenhuma vacina tem a capacidade de provocar a contaminação por Aids. O médico e pesquisador Andre Siqueira também reforçou que a afirmação é falsa e criticou a inação do Conselho Federal de Medicina.

O Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia também reagiu às declarações do presidente Jair Bolsonaro. Em nota publicada neste sábado, a entidade afirmou não conhecer nenhuma relação entre a vacina e o desenvolvimento da doença, destacou a importância da vacinação para os portadores de HIV e repudiou a notícia falsa.

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“O Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia vem a público esclarecer que: Não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a COVID-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida; Pessoas que vivem com HIV/aids devem ser completamente vacinados para COVID-19. Destacamos inclusive a liberação da dose de reforço (terceira dose) para todos que receberam a segunda dose há mais de 28 dias. Repudiamos toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente”.

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