Por g1 RR — Boa Vista


Morra em São Paulo o artista Jaider Esbell — Foto: Reprodução/Instagram

O corpo do artista plástico indígena roraimense Jaider Esbell será velado no Palácio da Cultura, em Boa Vista, nesta quinta-feira (4). O artista, que era do povo Macuxi, morreu aos 41 anos nesse terça-feira (2) em São Paulo.

Segundo a Secretaria de Comunicação Social de Roraima, o corpo do artista plástico chegará na capital por volta das 13h desta quinta-feira. O velório será no saguão do Palácio da Cultura, a partir das 17h. Não há informações sobre onde ele será sepultado.

Jaider Esbell era um dos destaques da 34ª Bienal de São Paulo. O horário do velório, do enterro e demais informações sobre a cerimônia fúnebre do artista ainda não foram divulgados. Ele foi encontrado morto em seu apartamento, em São Paulo.

Além de artista plástico, era escritor e ativista da causa Macuxi. Jaider Esbell foi um dos artistas macuxis mais renomados de Roraima por trazer luz à vivencia indígena por meio da arte.

O artista nasceu em 1979, no município de Normandia, região Norte de Roraima, onde atualmente está a reserva indígena Raposa Serra do Sol.

Jaider era filho adotivo de Vovó Bernaldina, mestra indígena da cultura Macuxi, que morreu em junho de 2020 por Covid-19.

Jaider Esbell e Vovó Bernaldina — Foto: Arquivo pessoal

Exposição no Museu de Arte Moderna

'Entidades, obra do artista indígena de Roraima, Jaider Esbell — Foto: Jaider Esbell/Divulgação

As obras de Esbell estão em exposição desde setembro deste ano na mostra "Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea" na 34ª Bienal de São Paulo, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), da qual ele também era curador.

Uma das obras de Esbell, "Entidades", está em destaque no Parque Ibirapuera, na capital paulista. As duas serpentes flutuantes de 10 metros de altura, estão instaladas no lago do parque.

"Entidades" também foi exposta na região do espelho d’água do Parque da Redenção, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Lá, foram expostas duas cobras de 7 metros durante a 28ª edição Porto Alegre em Cena, festival internacional de artes cênicas.

"Essa obra aborda um conjunto de potências. Ela está relacionada aos misticismos e figuras mitológicas que não são contempladas pelo cristianismo neopentecostal europeu, e precisava ser grandioso. É para lembrar que todos os povos originários têm suas criaturas gigantescas, sua importância, seus signos semióticos, suas entidades que protegem e que cuidam. É um convite para um exercício plural, para que todos pesquisem suas origens, que acessem sua cosmologia, que não se afastem da própria essência. Que cada um manifeste suas crenças como quiser pela ampliação do mundo", disse Jaider Esbell ao g1 em entrevista em setembro desse ano.

Obra "Maldita de Desejada" de Jaider Esbell, 2012 — Foto: Divulgação/34ª Bienal de São Paulo

Em nota, o MAM lamentou profundamente a morte de Esbell e estendeu solidariedade a amigos e familiares. Também classificou o artista roraimense como "uma das figuras centrais do movimento de afirmação da arte indígena contemporânea no Brasil".

"Ao longo de sua trajetória, assim como na mostra, Esbell sempre buscou ampliar a visibilidade da arte indígena contemporânea e a luta do povo Macuxi. Esbell se identificava como neto de Macunaíma e abordava em seu trabalho questões ecológicas, socioculturais e políticas, promovendo cosmovisões e narrativas indígenas, além de críticas à cultura canônica da história da arte", diz trecho da nota do MAM.

Repercussão e homenagens

Nas redes sociais, lideranças indígenas lamentam a morte de Esbell. A ativista Alice Pataxó o descreveu como "um grande artista".

"O parente e grande artista Jaider Esbell encantou, e isso é muito difícil pra nós, a dor que fica, a perda do nosso jovem e grande ativista, lamento muito e desejo força ao seu povo e família, estamos com vocês, rezando por ele", disse.

A CoDeputada Estadual de São Paulo, Chirley Pankará (Psol), também lamentou a morte do artista.

O Governo de Roraima lamentou a perda em nota, relatando que o artista "deixa um legado pelos valores culturais e artísticos dos povos indígenas".

O músico roraimense Neuber Uchôa também lamentou em uma publicação nas redes sociais a morte de Jaider. "A terrível notícia da imensurável perda do nosso querido artista plástico macuxi, Jaider Esbell, no auge da sua brilhante carreira, chegou como uma flechada no coração. Guardarei comigo a alegria de ter feito parte da sua jornada, e vice-versa, e o colorido inspirador de suas telas vivas."

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