Por Pedro Chimicatti, g1 Minas — Belo Horizonte


Acidente com Marília Mendonça: o que se sabe e o que falta esclarecer

Acidente com Marília Mendonça: o que se sabe e o que falta esclarecer

As investigações sobre a queda da aeronave que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas nesta sexta-feira (5) em Caratinga estão em curso. De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, a perícia na área do acidente foi finalizada na tarde de sábado (6), e os próximos passos incluem ouvir as testemunhas oculares dos instantes que precederam a queda.

O trabalho de remoção da aeronave e dos destroços do local do acidente começou no domingo (7).

Nesta segunda-feira (8), as equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e de uma empresa de guincho particular enfrentaram dificuldades para remover os dois motores do avião. Um deles foi encontrado em uma área de mata fechada. O outro ficou submerso na cachoeira.

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As amostras do material genético das vítimas do acidente aéreo foram enviadas ao Instituto Médico Legal (IML) em Belo Horizonte para exames toxicológicos. A previsão é que o inquérito seja concluído em 30 dias.

O acidente aconteceu na zona rural de Caratinga, a cerca de 300 km de Belo Horizonte. A aeronave atingiu um cabo da torre de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e perdeu sustentação, o que teria levado à queda. A simulação exibida neste sábado (6) pelo Jornal Nacional mostra como foi o acidente (veja o vídeo abaixo).

Nesta reportagem, você vai ver o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o acidente:

Simulação mostra como foi acidente com avião que levava Marília Mendonça

Simulação mostra como foi acidente com avião que levava Marília Mendonça

Veja o que se sabe até o momento sobre o acidente:

1. Aeronave regular e equipe experiente

Pilotos e técnico da Cenipa colhem pistas do avião que caiu causando a morte da cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas — Foto: Carlos Eduardo Alvim/TV Globo

A cantora e sua equipe estavam a bordo de uma aeronave de modelo King Air C90a, fabricada em 1984. Ela tinha capacidade para seis passageiros e situação regular, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As documentações e autorizações da equipe de voo também estavam em dia.

Henrique e Juliano, que fazem parte de uma dupla sertaneja, venderam a aeronave de modelo C90A, número de série LJ-1078, pouso convencional 2 motores turbo-hélice em 9 de julho de 2020 para a empresa PEC Táxi Aéreo.

2. Avião não tinha caixa-preta

Também no sábado (6), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que o avião não tinha caixa-preta – o equipamento não é exigido para este tipo de aeronave. No entanto, foi encontrado um geolocalizador, que poderá ser confrontado com o plano de voo.

3. Colisão com cabos

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou que a aeronave atingiu um cabo de uma torre de distribuição. A linha de distribuição atingida está localizada fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga.

Segundo o delegado regional da Polícia Civil de Caratinga, Ivan Lopes Sales, um cabo estava enrolado em uma das hélices do avião. Porém, ele disse que não dá para afirmar que o cabo é o que se rompeu na torre de transmissão de energia da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

4. Alertas de obstáculos

Há dois alertas para obstáculos próximos ao aeroporto de Caratinga em documentos chamados INFOTEMP, emitidos pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Essas informações são públicas e de conhecimento obrigatório para pilotos. Mas os obstáculos no aviso não são os cabos de alta tensão, por estarem além dos limites do Plano Básico de Proteção do Aeródromo.

Nos meses anteriores ao acidente, outros pilotos já haviam relatado aos órgãos aéreos da região que os fios elétricos atrapalhariam o pouso no aeródromo de Caratinga. São relatos chamados Notam (Notificação Aeronáutica), que indicam dados sobre riscos e alertam outros pilotos que se dirigem à região sobre perigos para operar no local.

5. Motores recolhidos

Equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e de uma empresa de guincho particular resgataram,nesta segunda-feira (8), os dois motores do avião que caiu na zona rural de Caratinga, causando a morte da Marília Mendonça e de mais quatro pessoas.

Os motores e a fuselagem do avião seguem para o Rio de Janeiro, onde a perícia deve continuar.

O que falta esclarecer sobre o acidente:

1. Voo baixo

Ainda não está claro o porquê de o avião estar voando baixo. Especialistas alegam que o piloto manteve a aeronave abaixo da rampa de pouso. Na análise feita por Roberto Peterka, especialista em segurança de voo, ele deveria estar em torno de 100 metros acima dos cabos com os quais colidiu.

2. Testemunhas

O trabalho de investigação do Cenipa e da Polícia Civil de Minas Gerais agora está focado em ouvir testemunhas do acidente e analisar instrumentos e destroços do avião para esclarecer os motivos da tragédia. Segundo um dos relatos ouvidos pelas autoridades, o avião da cantora teria perdido um dos dois motores ainda no ar, após colidir com os fios.

O dono da empresa aérea PEC Aviação, Milton Salsicha, foi ouvido na tarde desta segunda-feira (8). O teor do depoimento não foi divulgado pela Polícia Civil.

INFO - Trajetória e detalhes do acidente que matou Marília Mendonça — Foto: Arte/g1

VÍDEOS: o adeus a Marília Mendonça

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