Topo

Marília Mendonça é enterrada sob forte comoção de família e famosos, em GO

Lucas Pasin

De Splash, em Goiânia

06/11/2021 19h08Atualizada em 06/11/2021 19h49

A cantora Marília Mendonça, morta ontem aos 26 anos em um acidente aéreo, foi enterrado no início da noite de hoje no cemitério Parque Memorial de Goiânia. O tio e assessor dela, Abiceli Silveira Dias Filho, também foi sepultado no local. Os corpos foram levados do ginásio Goiânia Arena, em cortejo fúnebre, até o local do enterro em um caminhão dos bombeiros.

O acesso foi restrito a familiares e amigos próximos, que começaram a deixar o local após as 19h. Vários fãs que se mantiveram do lado de fora, seguiram aplaudindo, cantando e acenando aos artistas que estiveram no cemitério — emocionando, especialmente, a equipe que trabalha mais próximo à compositora, levando vários, mais uma vez, às lágrimas.

Na saída do Parque Memorial, o cantor Henrique, da dupla Henrique & Juliano, falou com a imprensa rapidamente. "É dificil explicar essa relação, desde que a gente entrou no escritório, lá em 2012. Eu a conheci criança, ela viu os nossos primeiros passos serem dados e depois poder mostrar ela pro Brasil inteiro. Acho que se tivesse uma maneira de retribuir, acho que seria essa: entregar alguém muito maior e muito melhor que a gente mesmo, que era ela", disse, em entrevista à TV Record.

Velório com música e um difícil adeus

A despedida teve início na tarde de hoje. O público teve acesso ao ginásio às 13h40, enquanto a família se manteve em área separada, junto aos amigos de Marília e celebridades, em sua maioria do sertanejo. Durante o velório, a mãe e avó da cantora chegaram amparadas, em momentos diferentes, para conseguir dar adeus. O momento comoveu os presentes, que acompanharam as cenas em silêncio.

Às 14h53, a equipe mais próxima da artista teve seu momento de despedida. O grupo que faria o show com ela em Caratinga (MG), chegou minutos depois ao ginásio, após viagem de ônibus para participar do velório. Muito aplaudidos, os integrantes desabaram em choro.

Gusttavo Lima, Luísa Sonza, Maiara, Maraisa, Naiara Azevedo, Henrique e Juliano são alguns dos nomes que foram prestar as últimas homenagens à artista. Em vídeos que circulam as redes sociais, os músicos aparecem emocionados ao lado do caixão da cantora. Também esteve no local o ex da artista, o cantor Murilo Huff, pai do filho de Marília, Léo, prestes a completar dois anos, em dezembro.

O cantor sertanejo Henrique, da dupla com Juliano, passou mal durante o velório e teve que ser retirado da cerimônia para receber atendimento médico. No entanto, após se recuperar, ele retornou a cerimônia e decidiu se apresentar com o parceiro em uma homenagem restrita aos familiares da cantora. As músicas interpretadas pelos artistas foram "Obrigado Deus" e "Flor e o Beija-flor".

A dupla Maiara e Maraisa também fizeram uma apresentação com a canção "Alívio". A homenagem ocorreu após o fechamento dos portões para o público, o que ocorreu por volta das 16h.

O caminhão dos bombeiros seguiu pela rua 72 e pela rodovia BR-153 até a rodovia GO-020, terminando o trajeto cemitério. Os músicos foram até o local com os ônibus de turnê e as duplas que prestaram homenagem no velório foram em cima do caminhão dos bombeiros.

Mesmo com o cortejo em andamento, os fãs de Marília Mendonça se espalharam por todos os cantos da cidade de Goiânia para prestar a última homenagem à cantora.

Outros ocupantes

ocupantes - Redes sociais/reprodução - Redes sociais/reprodução
Henrique, Abiceli, Tarciso e Geraldo estavam junto à cantora Marília Mendonça no momento do acidente
Imagem: Redes sociais/reprodução

A cantora Marília Mendonça, o piloto, Geraldo Martins de Medeiros, o copiloto Tarciso Pessoa Viana, o produtor Henrique Bahia, e o assessor Abiceli Silveira Dias Filho morreram na queda de um avião em Piedade de Caratinga (MG), a 309 km de Belo Horizonte.

Henrique Bahia foi velado em Salvador, enquanto a despedida dos piloto e copiloto Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana, respectivamente, será em Brasília.

Splash preparou perfis dos quatro ocupantes que acompanhavam Marília Mendonça no voo e morreram no acidente.

O acidente

A queda do avião aconteceu por volta das 15h30 de ontem em Piedade de Caratinga (MG). O avião estava a 2 km do aeroporto onde iria pousar quando caiu, em um local de difícil acesso.

A aeronave teria atingido o cabo de uma torre de distribuição de energia elétrica antes de cair em um curso d'água, segundo a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), que administra o fornecimento de eletricidade na região. O acidente é investigado pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e provocou a interrupção de acesso a energia elétrica para 33 mil pessoas.

O avião saiu de Goiânia com destino ao aeroporto de Caratinga (MG), onde Marília Mendonça faria um show para 8.000 pessoas. O restante da banda fez o trajeto de ônibus e já aguardava pela cantora na cidade.

Investigadores do SERIPA-2, órgão regional do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) no Rio de Janeiro, já estão no local do acidente para identificar indícios, fotografar a cena e retirar partes da aeronave para análise. Integrantes da Polícia Civil também participam da perícia.

Os trabalhos ainda são acompanhados de perto pelos advogados de Marília Mendonça, que estão no local. O trabalho segue ao longo do dia de hoje e dos próximos dias.

Uma nota da Força Aérea Brasileira, responsável pelo setor, deixou claro que "não existe tempo previsto" para que essas informações sejam coletadas, já que dependem da complexidade da ocorrência.

Após o acidente, foi descoberto que dois pilotos já haviam feito notificações no sistema oficial da Aeronáutica, nos últimos três meses, alertando sobre os riscos de antena e torre de energia, sem iluminação, próximo ao aeródromo de Caratinga (MG).

Os relatos oficiais constam no sistema público do DECEA (Departamento de Controle Espaço Aéreo), da Aeronáutica. As notificações citam um obstáculo (antena). Para isso, ambos usa os termos "NEG LGTD", que quer dizer um objeto de forma não autorizada e não iluminada.

Carreira de sucesso e "sofrência"

Marília nasceu em Cristianópolis (GO), e foi criada na capital do estado. Seu começo na música foi como compositora. Entre os hits que ela escreveu antes da fama estão "Minha Herança" (João Neto & Frederico), "Muito Gelo, Pouco Whisky" (Wesley Safadão), "Até Você Voltar", "Cuida Bem Dela", "Flor e o Beija-Flor" (Henrique & Juliano), "Ser Humano ou um Anjo" (Matheus & Kauan), "Calma" (Jorge & Mateus) e "É Com Ela Que Eu Estou" (Cristiano Araújo).

Ela estreou como cantora em 2014 com um EP homônimo. O primeiro single foi "Impasse", com participação da dupla Henrique & Juliano. Já o álbum de estreia chegou em 2016, com "Marília Mendonça: Ao Vivo" — com os hits "Sentimento Louco" e "Infiel". Marília ficou conhecida como a rainha da "sofrência" e um ícone do "feminejo" por falar em suas letras sobre amores perdidos e relacionamentos que não deram certo.

Em março de 2017, veio o segundo projeto completo, "Realidade", que contou com mais sucessos, como "Amante Não Tem Lar" e "De Quem É A Culpa". O DVD "Todos Os Cantos" saiu em 2019 e foi novamente um hit, chegando ao topo das listas no Brasil.

Um dos projetos mais recentes da cantora foi o "Patroas", com a dupla Maiara e Maraisa. A turnê foi anunciada em outubro deste ano e já tinha ingressos à venda para uma turnê em 2022. Durante a pandemia, a cantora bateu um recorde com uma live que registrou mais de 3,3 milhões de pessoas simultaneamente e ainda ajudou a sertaneja a colocar 34 músicas no Top 200 do Spotify.

Marília Mendonça deixa um filho, Léo, que completará dois anos em dezembro, fruto do relacionamento com o cantor Murilo Huff.