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Por Thayz Guimarães com agências internacionais

Pela primeira vez desde a Crise dos Mísseis em Cuba, o mundo corre o risco de um “apocalipse”, alertou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em outubro, referindo-se às ameaças veladas constantes do presidente russo, Vladimir Putin, de usar armas nucleares no conflito com a Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro de 2022 com a invasão do território ucraniano pelas forças de Moscou.

O primeiro sinal veio poucos dias após o início dos ataques, quando o Kremlin ordenou a mobilização das suas forças nucleares. Na ocasião, Washington classificou o anúncio de "perigoso" e "irresponsável" e advertiu Moscou sobre as "consequências catastróficas" disso. Agora, passado um ano, Putin anunciou a suspensão da participação da Rússia no tratado de desarmamento nuclear Novo Start, último acordo desse tipo com os Estados Unidos.

A suspensão da participação russa no tratado nuclear é a ruptura mais acentuada de Moscou com o Ocidente até agora. Os Estados Unidos classificaram de "irresponsável" o anúncio feito por Putin, e França e Reino, que também são potências nucleares, pediram a Moscou que reconsiderasse sua "precipitada decisão" e "demonstrasse responsabilidade".

Apesar do anúncio de Putin, a Chancelaria russa assegurou que Moscou "manterá uma abordagem responsável e seguirá respeitando rigorosamente (...) as limitações quantitativas das armas estratégicas ofensivas" até a data de expiração do tratado, em fevereiro de 2026.

A guerra em três minutos: vídeo mostra os confrontos no primeiro ano da invasão à Ucrânia

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Que armas nucleares a Rússia poderia utilizar contra a Ucrânia?

A Rússia é dona do maior arsenal nuclear do mundo. Estima-se que tenha cerca de 6 mil armas nucleares, das quais aproximadamente 1,5 mil estão prontas para disparo — ou seja, montadas em mísseis intercontinentais ou em bases, incluindo foguetes de dissuasão nuclear capazes de atingir qualquer lugar do continente europeu, e veículos submarinos não tripulados capazes de espalhar uma nuvem de material radioativo numa área de 510 mil quilômetros quadrados (quase o tamanho do estado da Bahia). Cerca de 2,8 mil estão em armazéns. O resto, de acordo com as informações mais recentes, foi aposentado e está em vias de ser desmantelado.

Além das armas nucleares convencionais, Moscou possui “armas táticas”, pequenas, que podem ser usadas em vários tipos de mísseis que habitualmente carregam explosivos convencionais. Algumas podem até ser lançadas de obuses que já são usados pelos russos no campo de batalha. Um grande sigilo envolve esse arsenal, mas estima-se que sejam cerca de 2 mil armas, variando em tamanho e poder.

As mais temidas armas nucleares estratégicas, que podem ser lançadas como ogivas em poderosos mísseis de longo alcance, incluem mísseis balísticos intercontinentais e são projetadas para destruir cidades inteiras.

A arma que mais preocupa os europeus é a ogiva que cabe no topo de um míssil Iskander-M e pode atingir cidades da Europa Ocidental. Números russos põem a menor explosão nuclear da carga Iskander em cerca de um terço do poder explosivo da bomba de Hiroshima.

Rússia x Ucrânia: Um ano de uma guerra sem data para terminar

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Um ano após a invasão russa da Ucrânia, esse perigo ainda existe?

Nos últimos meses, a Rússia manteve suas ameaças, levantando temores de que Putin estivesse disposto a levar ações nucleares adiante e, assim, desencadear o “apocalipse” citado por Biden.

— Não vimos um anúncio público dos russos sobre um estado de alerta nuclear elevado desde a década de 1960 — disse a diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Avril Haines.

As autoridades russas tentaram esclarecer sua posição, dizendo que o país usaria armas nucleares apenas se enfrentasse uma "ameaça existencial".

Em setembro passado, quando Putin declarou a anexação de quatro regiões da Ucrânia, caberia a pergunta: atacá-las equivaleria a uma "ameaça existencial" para a Rússia?

Embora não tenha havido sinais de mobilização nuclear russa, em janeiro deste ano, o Boletim dos Cientistas Atômicos adiantou seu "Relógio do Apocalipse", que mede, simbolicamente, o fim do mundo. Faltavam apenas 90 segundos para a meia-noite, o que mostra que, para eles, a destruição da humanidade está mais perto do que nunca.

"As ameaças apenas veladas da Rússia de usar armas nucleares lembram ao mundo que a escalada do conflito, por acidente, intenção, ou erro de cálculo, é um risco terrível", advertiu o Boletim.

Controle de armas

A ameaça não se deve apenas à invasão russa da Ucrânia. Os acordos de controle de armas entre Estados Unidos e a então União Soviética (URSS), que aliviaram as tensões da Guerra Fria, estão mortos, ou quebrados.

O crucial Tratado de Mísseis Antibalísticos de 1972 entrou em colapso em 2002. Em 2019, os Estados Unidos se retiraram do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), que limitava os mísseis com capacidade nuclear de médio alcance. À época, alegou-se que a Rússia estava violando seus compromissos.

No ano passado, Washington acusou Moscou de violar o Novo START de 2011, que limita as ogivas nucleares. E recentemente, a Rússia anunciou que estava se retirando do acordo, o último desse tipo remanescente entre os dois países.

'Não dão segurança'

Ironicamente, porém, afirma o pesquisador Pavel Podvig, do Instituto de Pesquisa de Desarmamento da ONU, as ameaças da Rússia podem ter tornado o mundo um pouco mais seguro, ao lembrar as gerações mais jovens desse perigo.

Por um lado, disse ele, a Rússia pode ter calculado que poderia começar e terminar rapidamente uma guerra contra a Ucrânia, porque possui armas nucleares. Mas, nesse caminho, chocou-se com o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a Kiev e com o potente arsenal nuclear dos membros da Aliança Atlântica.

O conflito pode, inclusive, ter ajudado a mostrar que este tipo de arma está "obsoleta", acrescenta Podvig, já que, como a própria Rússia pôde constatar, "não dá segurança".

Retrocesso global

Além disso, observa Podvig, os líderes mundiais, incluindo os aliados da Rússia, como Índia e China, reagiram negativamente aos avisos de Moscou, dando a impressão de que a ameaça nuclear é um tabu.

Em setembro, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, expressou sua preocupação. E, em novembro, o G20 declarou, ao final de sua cúpula em Bali, na Indonésia, da qual a Rússia participou, que o uso, ou a ameaça de uso, de armas nucleares é "inadmissível".

Ainda mais reveladora foi a declaração conjunta de Biden e do presidente chinês, Xi Jinping, no âmbito dessa cúpula, observa Podvig.

Nela, ambos concordam em "que nunca se deve travar uma guerra nuclear e nunca pode ser vencida, e ressaltaram sua oposição ao uso, ou à ameaça de uso, de armas nucleares na Ucrânia".

Washington também moderou o tom do discurso, abstendo-se de mencionar "consequências catastróficas".

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