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    Governo não aceitará deputado bolsonarista na presidência da CPMI, diz Lindbergh

    André Fernandes (PL-CE) é o autor do pedido de abertura da comissão sobre os atos de 8 de janeiro

    Deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) durante discurso na Câmara
    Deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) durante discurso na Câmara Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

    Gabriel Hirabahasida CNN

    O vice-líder do governo no Congresso, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), disse, nesta quinta-feira (20), que o governo não aceitará o deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE) como presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.

    Fernandes é o autor do pedido de abertura da CPMI. A praxe no Congresso é que, quando há acordo, o autor do pedido tenha direito a um posto de destaque na cúpula da comissão.

    Em entrevista coletiva à imprensa na quinta-feira (19), Lindbergh disse que não há possibilidade de acordo com o PL e que a equipe jurídica do PT estuda como impedir a indicação de Fernandes ao posto.

    “A presidência será do bloco governista e relator também”, disse Lindbergh. Segundo o deputado, “o governo tem maioria” no colegiado e fará valer esses votos para a escolha da cúpula da comissão.

    “Nunca aceitaríamos que esse deputado, que está sendo investigado no STF por esse ato, seja presidente da comissão”, completou.

    Um dos motivos é o fato de que Fernandes é investigado no Supremo Tribunal Federal justamente no âmbito dos atos criminosos de 8 de janeiro.

    O deputado bolsonarista é investigado por possível envolvimento nos atos. Ele foi incluído na investigação após publicar vídeos em que convocava pessoas para o ato. Além disso, depois da invasão ao STF, ele publicou uma imagem da porta de um armário vandalizado do Supremo acompanhada da legenda: “Quem rir vai preso”.

    O inquérito do STF investiga supostos crimes de incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, entre outros, por parte dos parlamentares.

    Nos cálculos de Lindbergh, o governo teria cerca de 11 cadeiras dentre as 16 a que os senadores terão direito. Na Câmara, o cálculo é mais difícil pelo ambiente menos governista, mas o deputado estimou que nove ou dez dos 16 deputados devem ser de partidos governistas.

    Isso não garante que os parlamentares indicados sejam, de fato, aliados do governo. Deputados do MDB, PSD e União Brasil, por exemplo, assinaram o pedido de abertura da CPMI, apesar de as legendas terem representantes no governo federal.

    Segundo o deputado Rogério Correia (PT-MG), vice-líder do governo na Câmara e também presente na entrevista coletiva, o Palácio do Planalto fará um esforço para que os partidos governistas indiquem deputados alinhados com os interesses do presidente da República.

    “Vamos conversar com líderes para garantir indicações favoráveis na CPMI”, disse o deputado.

    Os governistas pretendem focar o discurso na destruição provocada pelos invasores no 8 de janeiro, tentando tirar de foco a eventual conivência de autoridades do governo federal no episódio.

    Lindbergh disse que os governistas vão propor que o primeiro a ser ouvido na CPMI seja o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres, que se encontra preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes justamente por suspeita de ter agido de forma a facilitar os atos criminosos de 8 de janeiro.