Economia

Seis meses após chegar ao Brasil, Lime encerra sua operação de patinetes no país

Empresa também está deixando outras cidades da América Latina e EUA para buscar sustentabilidade financeira
Patinetes viraram febre nas ruas do Rio Foto: Marcia Foletto
Patinetes viraram febre nas ruas do Rio Foto: Marcia Foletto

SÃO PAULO - Seis meses após ter desembarcado no Rio de Janeiro e São Paulo, a americana Lime, gigante mundial de aluguel de patinetes elétricos, está anunciando o fim de sua operação no Brasil. A Lime também anunciou a saída de outras cidades da América Latina, como Bogotá, Buenos Aires, Montevidéo, Lima e Puerto Vallarta.

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O enxugamento de suas operações tem como objetivo buscar "sustentabilidade financeira", informou a empresa em comunicado. A Lime foi fundada em 2017, nos Estados Unidos, e começou oferecendo aluguel de bicicletas.

Além da América Latina, a Lime deixará de operar em Atlanta, Phoenix, San Diego e San Antonio, todas nos Estados Unidos, e em Linz, na Aústria. O fechamento dessas operações em 12 cidades causará a demissão de pelo menos 100 funcionários, o equivalente a 14% do total de empregados da empresa.

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Segundo a companhia, a operação de São Paulo será finalizada nas próximas semanas e no Rio de Janeiro nos próximos meses.

"Independência financeira é o nosso objetivo para 2020, e estamos confiantes de que a Lime será a primeira companhia da nova geração de mobilidade a atingir lucratividade", escreveu em comunicado Brad Bao, um dos fundadores da empresa.

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No exterior, a Lime tem como concorrentes empresas como Bird, Uber e Lyft. No Brasil, compete com os brasileiros da Yellow, que em janeiro do ano passado se juntaram à mexicana Grin, dando origem a Grow. Diferente do modelo de negócios dos aplicativos de transporte, em que os próprios motoristas arcam com o custo de manutenção de seus veículos, as operadoras de patinetes têm custos elevados para manter sua frota em perfeito funcionamento. Por isso, ainda é difícil que alcancem a lucratividade.

Segundo o site The Information, a Lime teve prejuízo de cerca de US $ 300 milhões em 2019, apesar de mais de US$ 420 milhões em receita bruta. O site atribui o prejuízo a um possível aumento de custos, com a depreciação de seus patinetes e uma complexa operação de reparos que a empresa precisa realizar. Joe Kraus, presidente da Lime, disse ao site Axios que a empresa está quase lucrando, e negou rumores de que estava buscando uma nova rodada de investimentos de capital de risco por estar com o caixa baixo.

No mês passado, a empresa já tinha fechado seu serviço LimePod, que permitia que moradores da cidade americana de Seattle alugassem um carro elétrico por meio do aplicativo da empresa. Mas a Lime também está tentando buscar novas formas de receita.

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No ano passado, começou a testar um serviço de assinatura que permite que clientes frequentes se inscrevam em passeios ilimitados de scooter e e-bike. A companhia planeja lançar o serviço para outros países em breve.

Em outubro do ano passado, a Lime divulgou que o número de corridas realizadas no Brasil tinha crescido 70% desde a estreia da empresa no Brasil, em julho. Também em setembro passado, a empresa tinha comemorado a marca histórica de 100 milhões de viagens em todo o mundo, nas mais de 100 cidades onde atuava.

Na capital paulista, as patinetes da Lime circulam nas regiões de Pinheiros, Vila Olímpia, Itaim, Brooklin e Vila Nova Conceição. No Rio, a operação da Lime estava na Lagoa, Gávea, Leblon, Copacabana, Ipanema, Botafogo, Flamengo e na Marina da Glória.