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UFF - Universidade Federal Fluminense

Não peça

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Espetáculo teatral com texto e atuação de Lucília de Assis e direção de Bianca Byington, Não peça nos apresenta Jandira, funcionária de um teatro no qual desempenha os papéis de faxineira, bilheteira e baleira. Ao tomar conhecimento que o elenco da peça em cartaz se encontra preso em um engarrafamento, ela recebe mais uma atribuição: segurar o público até a chegada dos atores. É assim que a funcionária, testemunha de inúmeros espetáculos e habituada a subir no palco apenas para passar uma vassoura, passa a ocupar a linha de frente para contar suas histórias.

Não peça pretende trabalhar a poética do espaço teatral como local de criação e de encontro entre personagem e plateia. Como diz Jandira para o público, “O teatro é isso, um lugar que você vai para ver o ser humano. Ele é o maior espetáculo. É um encontro entre pessoas que não se conhecem. É a chance de ouvir alguma coisa que faça a gente virar a esquina da mudança, a furar o nosso teto”. Nem toda vida daria um filme. Mas aqui, a vida da funcionária Jandira, com certeza, acaba dando em uma peça. Ou melhor, em uma não peça.

Jandira nasceu no Cantochão. Pedaço de terra localizado no estado de Calamidade, onde uma única fábrica de tijolo não só empregava todas as pessoas da pequena região, como tudo por lá era construído a base dele. Segundo Jandira, "No Cantochão não tinha gente nem preta nem branca. A cor de todo mundo lá era tijolo. Pele de barro seco rachado". Por ali, a menina Jandira brincou, cresceu e sofreu na pobreza. A mãe, que padecia de pânico da morte, toda vez que achava que tinha chegado sua hora, colocava todos os filhos numa carroça e distribuía pela cidade. Em uma dessas tentativas, Jandira aos 12 anos, foi dada para uma vizinha cujo filho Verardo a desposou e a trouxe para a cidade grande. Verardo viera substituir um amigo que trabalhava como porteiro, de um antigo teatro. Nesse local, Jandira e Verardo viveram juntos, até ele fugir com outra menina bem mais nova que ela. Sem ter pra onde ir, Jandira faz do teatro sua verdadeira casa. Sua história difícil de vida, aliada à ficção e à realidade de tudo o que acontece nesse espaço teatral, passa a constituir o repertório existencial da mulher Jandira. Dessa vez, o elenco da peça em cartaz encontra-se preso em um engarrafamento de grandes proporções, na via Dutra, e solicita à funcionária que segure o público até a chegada deles. O momento adverso para a trupe passa a ser um aliado de Jandira que usa a brecha para representar suas histórias. Ao receber a notícia de que o elenco da peça em cartaz acaba de chegar, Jandira se apressa em admitir a possibilidade do público já ter assistido a um bom espetáculo e, então, abre as portas do teatro e libera a plateia. Não sem antes, receber seus primeiros e quem sabe, últimos aplausos.

Não peça é um espetáculo delicado e de simples execução, já que a concepção é trabalhar a poética do próprio espaço teatral.Um despojamento genuíno que nos remete ao teatro essencial, onde o que realmente importa é a presença do ator no palco dialogando com seu público. Ao teatralizar sua própria vida, Jandira humaniza o espaço teatral. Contracenando com palco e plateia esses também se tornam protagonistas.

Lucília de Assis, autora e atriz, e Bianca Byington, diretora e atriz, se conheceram na montagem da peça Capitães da Areia, dirigida por Carlos Wilson da Silveira - Damião - Agora elas resolveram compartilhar e discutir experiências obtidas ao longo de suas carreiras. NÃO PEÇA teve seu processo de criação aberto ao público na Mostra Sortida de Teatro Casa Quintal em outubro de 2017. Depois, cumpriu temporada no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), de 22/02 a 11/03/2018. Uma terceira temporada aconteceu no Espaço Cultural Municipal Sergio Porto, de 06/08 a 20/08/2018. Todos os espaços, localizados no Rio de Janeiro.

Lucília de Assis é jornalista, atriz e roteirista. Participou de inúmeras peças teatrais, dentre elas Vivo muito bem disposto, com direção de Hamilton Vaz Pereira, Capitães da areia, direção de Carlos Wilson, De noite com uma luz, direção de Louise Cardoso, e Tequila - Uma estória mexicana, com direção de Claudia Valli. Na Rede Globo, fez O último desejo, sob a direção de Antonio Carlos Fontoura, e participações em novelas e seriados. Em 2000, escreveu, produziu e atuou em Conversa privada, primeiro espetáculo do grupo Grelo Falante. Roteirizou e atuou no filme Coisa de mulher, em 2005, e atuou no espetáculo Sons e Cores ao lado do Quinteto Villa-Lobos, sob direção de Tim Rescala. Em 2008, escreveu e dirigiu a peça Mau humor. Em 2009, gravou A Turma do Pererê, na Tv Brasil, e com o Grelo Falante apresentou durante 24h o simpósio de contadores de história no Sesc Copacabana. Em 2010, estreou o espetáculo Viva! Claymara Borges e Heurico Fidélis não morreram. Ministrou oficinas de teatro nos SESCs São Gonçalo, Barra Mansa e Teresópolis, em 2011 e 2012. Atuou no musical Avenida Reveillon, com texto e direção de Fátima Valença. De 2014 a 2015, escreveu, atuou e produziu a peça Antessala, com direção de Guida Vianna, espetáculo que fez temporada nos Teatros Café Pequeno e Casa da Gávea, além de viajar pelo SESI Cultural São Paulo. Em 2016, escreveu o espetáculo Herculano é o assassino, com atuação de Alexandre Barros e Carmen Frenzel, direção de Cythia Reis. Desde 2012, redige e apresenta o programa ao vivo, O grelo falante, na Rádio roquete Pinto, 94.1 FM.

Bianca Byington, como atriz, participou de várias peças, entre as quais A reunificação das duas Coréias, de Joel Pommerat e direção João Fonseca (2016), Infância, tiros e plumas, de Jô Bilac e  direção de Inês Vianna (2015), 1958 - A bossa do mundo é nossa, de Joaquim Ferreira dos santos e direção André Paes Leme, Os Saltimbancos, direção Cacá Mourthé (2010), e Farsa da boa preguiça, de Ariano Suassuna e direção João das Neves 2009 (Indicação prêmio Shell), entre várias outras, além de atuar em novelas e filmes para o cinema.

Equipe técnica

Texto e interpretação - Lucília de Assis
Direção - Bianca Byington
Figurino - Dora de Assis
Direção executiva - Nathália Azevedo

07 a 09 de junho de 2019
Sexta e sábado, às 20h | domingo, às 19h
Teatro da UFF
Rua Miguel de Frias 9, Icaraí, Niterói
Ingressos - R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia)
Classificação etária - 12 anos

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